O principal acionista de Sabadell, o mexicano David Martínez, apoia a OPA do BBVA, revela hoje o jornal espanhol “Ok Diário“.
A estrutura acionista do Sabadell é muito pulverizada e os maiores acionistas qualificados são o BlackRock com 4,10%, segue-se David Martínez Guzmán com 3,56% e depois surge o Dimensional Fund Advisors LP com 3,11%, segundo o último relatório e contas.
O jornal diz mesmo que o mexicano terá sido um dos que encorajou Carlos Torres a lançar uma OPA hostil caso fosse impossível chegar a um acordo com o conselho de administração de Sabadell.
O maior acionista individual do Banco Sabadell e o único que faz parte do seu conselho de administração, o investidor mexicano David Martínez Guzmán, é um dos principais apoiantes da fusão com o BBVA, segundo o periódico espanhol que acrescenta que essa posição foi dada a conhecer ao seu presidente, Carlos Torres, para o encorajar a lançar a oferta pública de aquisição hostil apresentada na passada quinta-feira.
O “Ok Diário” cita fontes próximas do acionista mexicano, que acrescentam que foi esta posição que levou Martínez Guzmán a abster-se no conselho de Sabadell que rejeitou a proposta amigável inicial do BBVA na passada segunda-feira.
Por esta razão, o órgão dirigente do banco catalão não pôde anunciar uma rejeição unânime como desejava, e que teria sido muito mais forte. O mexicano é o único administrador não executivo que representa um acionistas, os restantes membros do board são os administradores executivos e os administradores independentes.
O jornal diz que David Martínez é totalmente a favor da OPA, embora gostasse que o BBVA “pagasse um pouco mais”.
O “Ok Diário” escreve ainda que Martínez foi um dos acionistas de referência – os restantes são fundos de investimento – que se mostraram a favor da operação nas reuniões com a cúpula de Sabadell na semana passada em Londres e que informaram o BBVA da sua intenção de participar.
O investidor mexicano detém cerca de 4% do capital da Sabadell, embora apenas 3,495% esteja listado na CNMV. Entrou em 2013, no aumento de capital após a absorção da CAM (Caja de Ahoros del Mediterráneo), com sede em Alicante, com 5%. Fê-lo ao mesmo tempo que o colombiano Jaime Gilinski, que vendeu em 2016. Martínez posteriormente diluiu a sua participação em aumentos de capital subsequentes.
O jornal recorda que na anterior tentativa de compra da Sabadell pelo BBVA, em 2020, Martínez opôs-se, pois sofria pesadas perdas: as ações eram negociadas em baixa devido aos problemas da entidade e à crise da Covid. Assim, o conselho pediu então um preço muito mais elevado que o BBVA se recusou a pagar, o que fez com que as negociações fracassassem.
Entretanto outro jornal espanhol, o “Bolsamania” destaca que os analistas de RBC Capital Markets consideram que, embora o Governo espanhol tenha demonstrado oposição frontal à operação, “é provável que os atritos políticos sejam resolvidos”.
Acima de tudo porque serão os reguladores (Banco Central Europeu, Comissão Nacional de Mercados e Concorrência e Comissão Nacional dos Mercados de Valores Mobiliários) e os acionistas do BBVA e do Sabadell que deverão pronunciar-se antes do Governo.
Para o RBC, “apesar do grau de concentração relativamente elevado que resultaria da fusão em Espanha (os 3 principais bancos representariam cerca de 70% dos depósitos) e das ligações indiretas da CNMC ao Governo espanhol, acreditamos que as autoridades espanholas responsáveis pela concorrência aprovarão provavelmente a fusão, uma vez que esta criaria o segundo maior banco do país (com quotas de mercado inferiores às do CaixaBank) e que eventuais alienações [remédios] poderiam atenuar potenciais preocupações”.
O RBC considera que a “geração de capital” do BBVA nos próximos trimestres “poderia ser utilizada para adicionar um valor em cash à oferta existente”, embora o BBVA tenha reiterado que não aumentará a sua oferta.
Os analistas contactados pelo “Bolsamania” defendem que o BBVA tem um “ás na manga” e que apesar de o BBVA já ter afirmado que não há margem para melhorar a oferta, “na nossa opinião, ainda existe a possibilidade de um prémio em dinheiro, especialmente se o BBVA estiver perto de atingir o objetivo de 50,01% perto do final do período de aceitação”, concluem estes especialistas.
Um fator que poderá ser determinante para o sucesso ou fracasso desta OPA hostil que tanto interesse está a suscitar no mercado financeiro.
Tal como acontece com todas as cotadas alvo de OPA, que passam a estar limitadas à gestão corrente, a nova tentativa do BBVA de adquirir o Banco Sabadell fará com que a instituição catalã fique paralisada por mais de meio ano devido ao dever de passividade exigido pelo processo de aquisição, destaca o “El Economista”.
A lei das OPA exige que os administradores do banco não realizem qualquer movimento que possa ser considerado interferência no curso de uma operação com essas características. De acordo com os tempos estimados pelo BBVA e ontem comunicados ao mercado, esta situação poderá prolongar-se por mais de seis meses.
Desta forma, e entre as coisas que não pode realizar, o Sabadell está proibido de realizar operações que alterem o seu perímetro – para além das que já iniciou, como é o caso da venda da sua subsidiária de pagamentos à Nexi.
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