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Marques Mendes: “Centeno é o coveiro da degradação do SNS”

O ex-líder do PSD acusou as cativações para a degradação do SNS e reforçou a ideia de que é preciso mais investimento para registar melhorias. “Alguma coisa tem de mudar”, disse Luís Marques Mendes, numa altura em que o “o panorama do serviço nacional de saúde é pior do que era na troika, e já era mau”.
23 Junho 2019, 21h09

Luís Marques Mendes diz que o Sistema Nacional de Saúde (SNS) entrou num “caos”. Questionado sobre a falta de urgências de obstetrícia prevista para o mês de agosto no hospital de Braga, o antigo deputado à Assembleia da República pelo PSD, na rubrica semanal no telejornal da SIC, disse que não se está a assistir a “um caso pontual”, mas antes são “situações generalizadas de problemas seríssimos no SNS”. “Isto é preocupante”, frisou.

O comentador político defendeu que a deterioração do SNS já se arrasta há algum tempo, mas que, com o encerramento rotativo das urgências, o problema ter-se-á agravado. “Isto já é antigo. Já tínhamos um problema de financiamento sério na saúde e por isso, faltam médicos, faltam enfermeiros, faltam outros profissionais e já há equipamentos obsoletos”, salientou.

Luís Marques Mendes atribuiu responsabilidades ao ministro das Finanças, Mário Centeno, pela degradação do SNS. “Eu, aqui, já nem falo na ministra da Saúde”, disse o ex-deputado.”É um problema de Mário Centeno. Acima de tudo, é um problema financeiro”, reforçou.

Mário Centeno é o grande coveiro desta situação. Merece um elogio porque pôs as contas em ordem, mas merece uma censura porque não foi equilibrada a distribuição de investimento. O problema do SNS é um problema seríssimo e não se resolve como uma nova lei de bases da saúde, resolve-se com investimento.

Além disso, e apesar da situação, que se tem arrastado, Luís Marques Mendes disse que a lei das 35 horas, que limitou para 35 horas semanais o tempo de trabalho dos profissionais no setor público, contribuiu para que “evidentemente houvesse falta de pessoal”. Quando às políticas orçamentais delineadas por Mário Centeno, isto é, às cativações, o comentador frisou que agravaram “a falta de financiamento para o SNS”.

Hoje o panorama do serviço nacional de saúde é pior do que era na troika, e já era mau.

Marques Mendes defendeu que a degradação do SNS extravasa os partidos políticos – “isto não é uma questão partidária”. Mas assumiu que as consequências são alargadas à sociedade, em especial “para as pessoas que não têm alternativas”.

“Quem não tem seguro de saúde, quem não tem as possibilidades de recorrer a um hospital privado, evidentemente que sofre com isto. Eu acho que isto é muito preocupante porque o SNS é talvez a ferramenta mais clara para combater as desigualdades sociais. E no momento em que entra em degradação – e é o que está a acontecer – isto não pode deixar de preocupar toda a gente”, disse Luís Marques Mendes.

Em termos políticos, o comentador defendeu que isto “é importante falar”, “porque alguma coisa tem de mudar”. Além disso, culpou a esquerda pela situação que se verifica no SNS atualmente. “Os partidos de direita têm normalmente a fama de ajudarem o setor privado da saúde; mas, depois, quem lhes dá o proveito, são os partidos mais à esquerda, como está à vista”.

Luís Marques Mendes alegou que a degradação do SNS está beneficiar o setor privado. “Os médicos preferem ir para os hospitais privados, doentes que vêem o caos deixam o setor público, e o Estado paga muito mais porque cirurgias que não são feitas em tempo útil no SNS passam para o setor privado. Tudo isto é mau”, salientou.

 

 

 

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