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Médio Oriente: Montenegro avisa que EUA são aliados e recusou “inquinar política externa”

No debate quinzenal, o tema já tinha sido introduzido pela bancada do BE, com Luís Montenegro a condenar “qualquer intervenção, propósito ou intenção de haver uma limpeza étnica” na Faixa de Gaza, mas a rejeitar retirar “conclusões precipitadas” das declarações do Presidente dos Estados Unidos da América.
JOSÉ SENA GOULÃO/LUSA
5 Fevereiro 2025, 18h08

O primeiro-ministro avisou hoje que os Estados Unidos da América são “inequivocamente aliados” de Portugal e recusou “inquinar a política externa” nacional, em resposta ao Livre que desafiou Montenegro a condenar as declarações do presidente norte-americano sobre Gaza.

No debate quinzenal, o tema já tinha sido introduzido pela bancada do BE, com Luís Montenegro a condenar “qualquer intervenção, propósito ou intenção de haver uma limpeza étnica” na Faixa de Gaza, mas a rejeitar retirar “conclusões precipitadas” das declarações do Presidente dos Estados Unidos da América.

A líder parlamentar do Livre, Isabel Mendes Lopes, desafiou o primeiro-ministro a ir mais longe e condenar em concreto as palavras de Donald Trump, que na terça-feira disse querer assumir o controlo da Faixa de Gaza e expulsar os palestinianos daquele território, e anunciou que o partido apresentará um voto de condenação no parlamento.

Montenegro começou por dizer já ter respondido à questão, salientando que Portugal estará sempre “do lado do direito internacional, do direito humanitário, de um caminho que possa desembocar na constituição dos dois Estados, o Estado de Israel e o Estado da Palestina”.

“Todas as declarações que desrespeitem estes princípios, nomeadamente aquelas que possam antecipar qualquer tipo de limpeza étnica ou atitude semelhante, têm a nossa condenação”, repetiu.

A deputada do Livre insistiu e colocou até um cenário hipotético: “Imagine que um dia Donald Trump decide que quer anexar os Açores, que quer fazer uma Riviera no meio do Atlântico. Então quem é que nos vai proteger, quem é que vai levantar a voz para proteger Portugal quando Portugal não protege os outros territórios?”.

Na resposta, Montenegro defendeu que “há coisas que o melhor é nem sequer falar delas”, como a alusão “a qualquer violação da integralidade e soberania do território português”.

“No contexto internacional e na preservação das nossas relações no contexto das organizações internacionais, da nossa responsabilidade internacional e também no contexto das relações bilaterais, a escolha do Governo será sempre a de sensibilização, de diálogo, de concertação com os nossos aliados e os Estados Unidos são inequivocamente nossos aliados”, afirmou.

E acrescentou: “Senhora deputada, não vai contar com o Governo de Portugal para inquinar a nossa política externa com alguma dúvida que possa ser suscitada por qualquer declaração que extravase o nosso objetivo e a nossa responsabilidade de, no contexto internacional, estarmos na linha da frente do direito internacional, o direito humanitário e também de estarmos a salvaguardar o interesse de Portugal”.

O Presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, disse em conferência de imprensa na terça-feira que quer que os Estados Unidos assumam o controlo da Faixa de Gaza e reconstruam o território, depois de os palestinianos serem reinstalados noutros locais.

Após o encontro com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, na Casa Branca, Trump não excluiu a possibilidade de enviar tropas norte-americanas para apoiar a reconstrução de Gaza e considera que a participação dos EUA será de “longo prazo”.

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