Os mercados europeus voltaram a dar sinais positivos na sequência dos avisos da presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, que deixou claro que a política monetária vai continuar a apertar particulares e empresas, através da subida das taxas de juro na zona euro. O presidente da Fed aponta a subidas mais espaçadas, sem dar indicações sobre a decisão que será tomada em julho, depois de em junho a política monetária nos Estados Unidos não ter sido alvo de alterações.
A garantia foi deixada ontem, último dia do Fórum BCE, que teve lugar em Sintra. A reação dos investidores na Europa parece ser positiva, a julgar pelo sentimento observado nos principais índices, todos eles a encerrarem em terreno positivo.
Lisboa avançou 0,36%, a partilhar da sensação positiva, mas as maiores subidas ocorreram nas outras praças europeias. Paris ganhou 0,98%, seguida de perto por Madrid, que avançou 0,94%. O Euro Stoxx 50, índice de referência que agrega as maiores cotadas europeias, cresceu 0,92%, ao passo que Milão valorizou 0,88%. Na praça de Frankfurt, a subida foi de 0,64%, enquanto que a subida menos acentuada foi observada no Reino Unido, com o Footsie a subir 0,44%.
A confiança dos investidores é notória, apesar de estarem na calha eventuais novos aumentos das taxas de juro, tendo por base o objetivo de fazer face à subida dos custos de produtos e serviços. A taxa de inflação chegou a atingir uma variação homóloga de 10,3%, no seu pico, tendo perdido fôlego desde então, para um aumento homólogo de 6,1%, em grande parte devido à subida das taxas de juro.
Das indicações da líder do BCE pode depreender-se que as taxas de juro continuarão a subir com o propósito de atingir a marca de 2% de inflação homóloga na zona da moeda única. Lagarde referiu que colocar um travão a estas medidas não é, neste momento, uma opção.
“Não estamos a pensar nisso neste momento”, reiterou Christine Lagarde, que recordou as subidas em 400 pontos base num período superior a um ano. A responsável não adiantou, ainda assim, informações sobre que rumo seguirá a política monetária em setembro.
“Estamos dependentes de dados, é preciso decidir reunião-a-reunião. Em setembro, iremos receber muitos dados, iremos ter muita coisa nas nossas mãos”, sublinhou, apontando assim a importância de avaliar os indicadores económicos antes de tomar decisões.
Nos Estados Unidos, as subidas deverão ser mais espaçadas
No mesmo evento, o presidente da Reserva Federal (Fed) referiu, no mesmo painel, que ainda não existem certezas sobre a política monetária que vai ser anunciada após a reunião que está agendada para o próximo mês. A inflação nos Estados Unidos desacelerou dos máximos de 9,1% para 4,0%, de modo que o organismo optou por fazer abrandar a política monetária em junho, como recordou Jerome Powell.
“A única coisa que decidimos foi não subir taxas em junho, não decidimos nada sobre julho”, referiu, dando a entender que o plano é que as subidas dos juros, que já duram há mais de um ano, continuem a existir, mas de forma mais lenta, procurando ter mais tempo para avaliar os impactos das medidas tomadas.
“Estamos a abrandar o ritmo das subidas e é apropriado fazê-lo, até porque quanto mais a informação recebemos, melhor agimos. Os riscos de não fazer nada ou fazer demais tornam-se pouco equilibrados”, sublinhou o responsável.
De resto, no mesmo painel do Fórum BCE, o governador do Banco Central do Japão, Kazuo Ueda, referiu que não vão existir alterações ao nível da política monetária, numa decisão que reflete os dados relativos à inflação subjacente, que se mantém abaixo de 2%.
O responsável japonês referiu ainda que o facto de o iene ter por esta altura menos força do que no passado é uma situação “influenciada por muitos fatores”, incluindo a política seguida pelos bancos centrais da Zona Euro, EUA e Reino Unido.
Tagus Park – Edifício Tecnologia 4.1
Avenida Professor Doutor Cavaco Silva, nº 71 a 74
2740-122 – Porto Salvo, Portugal
online@medianove.com