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O MBA em três vozes da lusofonia

Três antigos alunos de programas de MBA conversaram com o JE sobre o papel da formação executiva na aceleração das suas carreiras. Confessam-se satisfeitos com a decisão tomada e o que ela trouxe às suas vidas.
23 Março 2025, 20h46

Beldomira Costa da Mata vivia e trabalhava em São Tomé e Príncipe quando, em 2021, se inscreveu num MBA (Master of Business Administration) em Portugal. Viajava entre as duas capitais regularmente, a cada mês e meio, e ficava em Lisboa três ou quatro dias para assistir às aulas presenciais, fazer apresentações, entre outros, e, assim, concretizar aquela que foi “uma das melhores decisões” que tomou na vida.

O investimento num MBA, oferecido na Europa pela primeira vez em 1957, pela INSEAD [Institut Européen d’Administration des Affaires], em França, representa um forte esforço financeiro. Exceções existem, claro. E ao esforço de natureza financeira somam-se os de ordem pessoal, emocional, logística, e outros que só a vivência e a experiência de quem o frequentou e/ou terminou conhece. Para Beldomira, que hoje trabalha como responsável por Proteção Social e Resiliência em São Tomé, o MBA da Autónoma Academy, no qual ingressou numa altura em que as restrições decretadas por causa da Covid-19 começavam a ser aliviadas, significou, também, largas dezenas de horas de voo entre os dois países, conciliadas com o “esforço muito grande profissional, familiar e financeiro”. Beldomira trabalhava no departamento de projetos sociais da British Petroleum (BP), em São Tomé, que viria a cessar atividade naquele país nos primeiros meses de 2021, quando se matriculou no MBA da Autónoma Academy. “Com a Covid, houve muitas mudanças na empresa. A equipa foi reduzida e vi-me, então, com um papel de maior destaque”, explicou ao JE.

O objetivo inicial era fazer o MBA no Reino Unido. Não se concretizando, seguiu a escolha “óbvia” de ir para Portugal, onde tinha estudado entre os 1.º e 9.º anos do ensino básico, antes de regressar a São Tomé com a família e, numa segunda fase, tirado um Curso de Especialização Tecnológica (CET) em Design de Moda. Licenciou-se em Gestão Empresarial na Universidade Lusíada em São Tomé.

Sobre o MBA da Autónoma, que terminou, em 2022, Beldomira ficou entre os melhores alunos desse ano, tempo trabalhado, nos dois anos que se seguiram, como consultora em vários projetos, principalmente com empresas estrangeiras. Ao JE, destaca “a capacitação dada pelo MBA em termos de todas as vertentes de gestão de projeto, foca-se em áreas como sustentabilidade, gestão de finanças, gestão organizacional”. “É extremamente completo e dá-nos uma bagagem muito boa enquanto profissionais para conseguirmos adaptar-nos ao diversos setores-chave das organizações. É um investimento que vale muito a pena”, sublinhou.

Lisboa foi também a cidade escolhida por Caio Naganawa, natural de São Paulo, para o seu MBA. Formado em Engenharia Ambiental – seguindo os passos da família -, o antigo estudante do Lisbon MBA Católica | Nova começou a reorientar o seu background ainda antes de acabar a licenciatura, durante a qual foi frequentando vários cursos de negócios em paralelo. Da universidade para o mundo profissional, Caio começou por ser trainee numa empresa de bens de capital, no interior paulista. Ali, foi promovido a coordenador, mas percebeu que o caminho poderia ser outro. Acabou por entrar na consultoria de negócios, deparando-se com as vantagens de trabalhar com uma pluralidade de indústrias e com os desafios delas decorrentes. Com o background de negócios em falta, a par da vontade de abraçar uma experiência internacional e de clarificar o caminho profissional que estava a levar, Caio avançou para a procura de um MBA fora do Brasil.

“As melhores escolas são muito caras”, começou por dizer. A decisão é confinada, desde logo, aos valores praticados por casa instituição. O Lisbon MBA Católica | Nova, oferecido em conjunto com o MIT Sloan, ronda os 40 mil euros. “Longe de ser barato”, refere, mas consideravelmente abaixo dos valores praticados nas instituições estrangeiras que figuram nos rankings mundiais. Foi essa a opção escolhida, na qual pesou, também, a possibilidade de ficar a residir e trabalhar em Portugal no final do curso e de estudar um mês no MIT, em Boston. Ao JE recordou, também, as atividades de liderança oferecidas pelo Lisbon MBA em coordenação com a Escola de Fuzileiros. Há um antes e um pós-MBA na forma de ver a liderança nas organizações, marcada pelas diferenças culturais, explicou. Entre os cerca de 40 alunos conseguiu identificar vários estilos de liderança. “Os portugueses são muito mais diretos”, diz. Hoje, aos 35 anos, Caio Naganawa, que integra o conselho Alumni do The Lisbon MBA Católica |Nova, lidera a empresa familiar, ao lado da mãe e do padrasto.

De Cabo Verde para São Paulo, apesar de a distância, Manuela Moreira, natural da ilha do Maio, frequentou um MBA em gestão aplicada às finanças empresariais.

Foi através da irmã, que vivia naquela cidade brasileira, que a contabilista cabo-verdiana ficou a conhecer o programa para executivos fruto de uma parceria entre o Instituto Democracia e Desenvolvimento (IDD), fundado em 2012, com a Faculdade Católica Paulista, no Brasil. Licenciada em Contabilidade pela Universidade de Cabo Verde, Manuela Moreira passou pelos CCV – Correios de Cabo Verde, pelo BCN – Banco Caboverdiano de Negócios e pelo Ministério das Finanças depois de ter concluído o MBA em gestão aplicada às finanças empresariais. A antiga aluna da Faculdade Católica Paulista trabalha atualmente com contabilista para empresas de vários setores.

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