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Dois terços dos pobres do mundo poderão viver em áreas afetadas por conflitos até 2030, diz António Guterres

O secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou hoje que, se as tendências atuais se mantiverem, dois terços dos pobres do mundo viverão em países afetados por conflitos ou em situação de fragilidade até 2030.
António Guterres
19 Junho 2025, 16h51

Num debate do Conselho de Segurança da ONU sob o tema “Pobreza, Subdesenvolvimento e Conflito”, Guterres frisou que quanto mais distante um país estiver de um desenvolvimento sustentável e inclusivo, mais próximo estará da instabilidade e do conflito.

“Quando as pessoas têm oportunidades negadas, quando os direitos humanos são violados e a impunidade persiste, quando o crime e a corrupção prosperam, quando o caos climático desloca e desestabiliza, quando o terrorismo encontra terreno fértil em instituições fracas — a paz pode rapidamente tornar-se um sonho distante”, observou.

“Não é por acaso que nove dos dez países com os Indicadores de Desenvolvimento Humano mais baixos se encontram atualmente em estado de conflito”, destacou ainda o líder da ONU.

Neste momento, 40% dos 700 milhões de pessoas que vivem em situação de pobreza extrema, encontram-se em ambientes frágeis ou afetados por conflitos, segundo as Nações Unidas, com Guterres a alertar que a situação está a piorar.

Os conflitos estão a proliferar e a prolongar-se por mais tempo, deslocando mais de 120 milhões de pessoas das suas casas — um número sem precedentes de indivíduos com vidas e futuros interrompidos, disse o secretário-geral.

“A pobreza gera desespero. O desespero alimenta a agitação. E a agitação destrói o tecido das sociedades — alimentando a desconfiança, o medo e a violência”, refletiu António Guterres.

O ex-primeiro-ministro português denunciou igualmente que, enquanto a economia global desacelera, as tensões comerciais aumentam e os orçamentos de ajuda são cortados, os gastos militares ao redor do mundo estão a disparar.

Ao defender o investimento em desenvolvimento para evitar instabilidade e conflitos, Guterres reforçou que o mundo está a enfrentar uma emergência de desenvolvimento após décadas de progresso e que dois terços das metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável ainda não foram alcançados.

“A paz não se constrói em salas de conferências. A paz constrói-se nas salas de aula, nas clínicas, nas comunidades. A paz constrói-se quando as pessoas têm esperança, oportunidade e uma aposta no seu futuro. Investir no desenvolvimento hoje significa investir num amanhã mais tranquilo”, garantiu.

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