Nos últimos anos tem sido habitual os acordos iminentes mas que nunca chegam a vias de facto, ou que, pelo menos, demoram uma eternidade a ver a luz do dia. Foi assim com o tema da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China que não está resolvida, apenas adiada, tem sido assim com o Brexit e está a ser assim com a questão do pacote de estímulos à economia norte-americana por parte do Congresso.
Entre curvas e contracurvas de retórica, e apesar de todas as ameaças do lado do Reino Unido, a libra esterlina está hoje a subir 0,8% para os $1,3048, devido às declarações do negociador chefe da União Europeia, Michel Barnier, sobre a possibilidade de um acordo estar “alcançável”, o que não é novidade nenhuma tendo em conta as várias vezes em que tal já foi dito por ambas as partes.
Do outro lado do Atlântico, o mesmo enredo noutra novela. Democratas, pela voz da sua líder, Nancy Pelosi, e Casa Branca, pelo secretário do Tesouro Steven Mnuchin, estão quase sempre optimistas mas em concreto nada de novo. Esta terça-feira Pelosi referiu mais uma vez que estava esperançosa num entendimento e que isso é a vontade de todos. Contudo, tal não é assim tão provável, apesar de Trump ter indicado que aceitava a proposta dos Democratas, pois existem indicações sobre a indisponibilidade do líder dos Republicanos em aprovar um pacote até as eleições de 3 de novembro, quanto mais um balão de oxigénio muito superior ao da sua proposta.
Esta indefinição política do Congresso dos Estados Unidos está a condicionar o sentimento em Wall Street numa altura em que os investidores já estavam divididos quanto ao rumo a dar a um mercado claramente sobrevalorizado, em relação às médias de curto, médio e longo prazo, nomeadamente nos forward price earnings ratio, assim como pela falta de visibilidade quanto à retoma sustentável da maior economia do mundo.
Ou seja, nesta fase, e como já referi em comentários anteriores, os índices norte-americanos não têm uma clara direção, pois se para as valorizações os fundamentos escasseiam, para uma correção as razões não são suficientes para suplantar a enorme liquidez existente, o excesso de capital que tem necessidade de estar investido num cenário de taxas de juro extremamente baixas e de facilidades de financiamento inigualáveis, em várias das maiores economias do mundo, criando um cenário de rotação da capital entre os setores mais valorizados e aqueles que têm espaço para valorizar, mas não de forma transversal.
Quero com isto dizer que os investidores estão hoje bastante mais seletivos na hora de investir, mesmo dentro de setores mais apetecíveis em época de pandemia, o que faz com que por exemplo a Apple e a Amazon tenham um ganho de 60% e 74% em 2020, enquanto que a Google não chega aos 16% e o duo Microsoft/Facebook ande na ordem dos 30% de subida este ano.
Para esta quarta-feira o panorama apresenta-se com cores mistas e sem grandes catalisadores para qualquer dos lados poderá ser um dia de volatilidade de sentidos, mas com pouca oscilação percentual. Destaque, no entanto, para os ganhos de 0,6% no yen e no ouro para os 104,84 e $1,918, respectivamente, o que não é totalmente justificado pelo recuo do US dólar em -0,4%, ou seja existe alguma procura por activos de refúgio tradicionais.
O gráfico de hoje é do S&P500, o time-frame é de 1 hora.
O principal índice accionista está numa fase importante, pois caso não consiga aguentar a linha inferior do canal pode desenvolver uma dinâmica mais bearish no curto-prazo.
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