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“Os jovens estão preparados para um mercado de trabalho que ainda não existe”

A webconference promovida pelo Jornal Económico em parceria com a Multipessoal descortinou as principais tendências e perspetivas em torno das competências e da forma como estas estão assentes no sistema de ensino.
21 Junho 2021, 07h57

 

André Ribeiro Pires, Chief Operating Officer da Multipessoal

Num debate transmitido a 9 de junho na JE TV e que juntou, entre outros, o secretário de Estado Adjunto e da Educação, João Costa, e André Ribeiro Pires, Chief Operating Officer da Multipessoal, a conversa centrou-se em torno das principais tendências de evolução das necessidades dos recursos humanos e pretendeu cimentar as perspetivas para o futuro. Uma coisa parece certa: o sistema de ensino desempenhará um papel fundamental nesse futuro, podendo ser a resposta para antecipar e satisfazer a procura de competências por parte das organizações.

No painel moderado pelo editor do Jornal Económico, Ricardo Santos Ferreira, estiveram também presentes figuras de peso do Ensino Superior, como é o caso de Céline Abecassis-Moedas, diretora da Formação de Executivos da Católica-Lisbon School of Business & Economics (Católica-Lisbon SBE), Pedro Brito, Associate Dean para Executive Education and Business Transformation da Nova School of Business and Economics (NOVA SBE) e Elmano Margato, Presidente do Instituto Politécnico de Lisboa (IPL).

Os ventos da mudança já se faziam sentir no mercado de trabalho no período anterior à pandemia, mas a crise de saúde pública veio reforçar e até alavancar a tendência da digitalização, não só nas organizações como nas salas de aula. Se por um lado as empresas correram ao mercado em busca de competências cada vez mais específicas, nomeadamente nas áreas da tecnologia e cibersegurança, por outro as instituições de ensino tiveram que rapidamente adaptar os modelos de ensino e, em alguns casos, até os currículos formativos, de forma a garantir que nenhum aluno ficava para trás.

Contudo, o teletrabalho não se pode comparar ao ensino à distância. Ainda assim, o secretário de Estado Adjunto e da Educação, João Costa, referiu que a pandemia “por incrível que pareça, não trouxe grandes novidades ao sistema educativo”.

Diz o secretário de Estado que o contexto global obrigou os governantes a reconhecer aquelas “que eram necessidades já sentidas [e que] se tornaram visíveis para toda a gente”. Já as fragilidades, refere, “amplificaram-se”.

A dificuldade, explica, passou pela necessidade de “flexibilizar o currículo” de forma a conseguir responder ao desafio emergente, bem como de repensar as formas de ensinar e até de avaliar, apesar de esse trabalho já estar em curso.

Em contraste, o Presidente do IPL, Elmagno Margato, não está tão confiante na resiliência e adaptabilidade dos alunos cuja educação foi marcada pelo contexto pandémico. A tecnologia “complementa, mas não substitui”, garante. E apesar de o ensino à distância “funcionar muito bem ao nível da gestão, cultura ou das letras… Funciona muito mal ao nível da engenharia, especificamente da engenharia caracterizada por componentes práticas”, adianta. Margato reconhece que não houve propriamente tempo ou preparação adequada – ou sequer alternativa -, mas alerta para a necessidade de estarmos atentos aos efeitos que a pandemia terá no progresso académico.

Já Céline Abecassis-Moedas mostra-se mais otimista, sobretudo na capacidade de resposta do sistema de ensino. “Todos sofremos, principalmente os alunos e os participantes das formações”, refere, “mas respondemos muito rapidamente”. Aponta algumas lacunas que o ensino digital não conseguiu, contudo, colmatar, tais como a falta de networking entre os alunos, mas acredita que o futuro sorrirá ao sistema de ensino uma vez ultrapassada a fase de adaptação. “Antecipo que a formação se torne mais blended (…) porque aprendemos a trabalhar melhor através das plataformas, e elas serão parte do nosso futuro”, remata.

Mas do ponto de vista das empresas, a preocupação parecia ser outra. André Ribeiro Pires, COO da Multipessoal, refere que o contexto pandémico foi “um momento de adaptação, em que todas as empresas e áreas tiveram que se adaptar”.

Já antes, tinha explicado em entrevista ao JE, que a pandemia acrescentou “novos desafios” às organizações. “Já se verificava uma escassez generalizada de perfis especializados, principalmente os mais qualificados (…) mas também se regista uma reduzida entrada de novos perfis no mercado”, garantiu.

Se por um lado, os candidatos mostram maior resistência à mudança de emprego, em virtude de um contexto de incerteza, por outro as organizações estão “mais contidas no momento de apresentar propostas adequadas à oferta”.

Pedro Brito referiu também neste debate que os jovens que estão a entrar no mercado de trabalho estão a fazê-lo “com uma expetativa muito diferente daquela que outras gerações tinham relativamente ao mercado de trabalho”.

“Os jovens estão preparados e ensinados para um mercado de trabalho que ainda não existe”, defende dando como exemplo os jovens que foram preparados “para um mercado mais focado em temas de inclusão, sustentabilidade, propósito… E depois, não o encontramos, de forma generalizada.”

“Existem muitas empresas que já trilham este caminho, mas o mercado ainda não tem esse pensamento, de alinhar o propósito das empresas com o dos colaboradores”, conclui.

É para esta disparidade e realidade que o sistema de ensino se procura reinventar, seja através da reformulação dos currículos ou da adoção de novos modelos de ensino. Ainda assim, parece registar-se uma forte discrepância entre as competências e condições procuradas pelas organizações e as expetativas que os jovens trabalhadores estão a trazer para o mercado. A resposta parece ser certa para todos e assenta num ensino mais forte e capaz.

Pode rever este debate na íntegra, na JE TV, aqui.

 

 

Este conteúdo patrocinado foi produzido em colaboração com a Multipessoal.

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