Pedro Nuno Santos, secretário-geral do PS, comentou o apagão generalizado que afetou na segunda-feira as comunicações do país, os serviços públicos, a segurança e o bem-estar dos cidadãos afirmando que “o mais grave foi que tivemos um apagão no Governo central”.
“Uma ausência de liderança, de orientação, de apoio, quando o país mais precisava”, criticou o líder socialista minutos depois de o primeiro-ministro ter anunciado a criação de uma comissão independente e pedido uma auditoria europeia para apurar o que esteve na origem da crise energética que afetou Portugal e Espanha.
Recordando que o responsável máximo da Proteção Civil é o primeiro-ministro, Pedro Nuno Santos disse que durante horas “milhões de pessoas ficaram sem acesso a informação fiável, sem orientações claras, quando o que se esperava era resposta célere e eficaz”.
“No momento em que a confiança nas instituições é mais necessária do que nunca, o Governo falhou. Falhou na comunicação e falhou sobretudo no dever de proteger e informar os cidadãos em tempo útil, faltou uma voz de comando e de serenidade”, continuou o secretário-geral do PS.
Perante os problemas nos canais informativos, defende Pedro Nuno Santos, “era imperativo que a Proteção Civil, sob orientação do Governo, tivesse usado a rádio para, de hora a hora, ir dando informações e tranquilizando as populações”. “É na dificuldade que avaliamos a verdadeira liderança e ontem não a tivemos”, disse o socialista, sublinhando que o primeiro-ministro “não disse nada relevante” quando falou ao início da tarde de segunda-feira. “Nada que pudesse serenar as dúvidas e as incertezas das pessoas”, notou.
“Tivemos, aliás, notícias falsas e alarmantes a circular sem que o Governo viesse tranquilizar as populações, um ministro a validar alguma dessa desinformação [Castro Almeida sobre a possibilidade de se ter tratado de um ataque cibernético], enquanto as ministras da Administração Interna e do Ambiente desapareceram”, acentuou Pedro Nuno Santos.
Para o secretário-geral do PS, “as experiências dos últimos meses já mostraram quão incompetente é o Governo em momentos de crise”. “O que ontem se viveu fez-me lembrar os incêndios de 2024 e a mais recente crise no INEM – momentos críticos em que o Governo desapareceu”. E fez mesmo uma comparação com o gestão da pandemia levada a cabo pelo PS de António Costa e a crise dos combustíveis, quando o próprio Pedro Nuno Santos era ministro das Infraestruturas. “O PS demonstrou estar à altura (…) Aquilo que nós assistimos, ao longo de um ano, foi um Governo absolutamente incapaz de coordenar, de agir e de comunicar com o povo português.”
Pedro Nuno Santos estranhou que o primeiro-ministro que acusa de nada dizer sobre o encerramento de urgências de obstetrícias tenha tido a ideia de, ao final do dia de ontem, ter feito uma declaração à porta da Maternidade Alfredo da Costa, depois de restabelecida a eletricidade. “O Governo falha sempre na resposta à crise, nunca falha na propaganda”.
“Na ausência do Governo e sem indicações oficiais, milhões de cidadãos tomaram decisões difíceis e corajosas”, afirmou o líder do PS, destacando o papel das proteções civis municipais que, “sem a coordenação central”, ajudaram e foram o apoio das populações. “Os profissionais de saúde, bombeiros, forças de segurança, autarquias, juntas de freguesia, escola foram essenciais. Mantiveram as unidades hospitalares em funcionamento, protegeram medicamentos, organizaram o trânsito caótico, socorreram pessoas no metro e nos elevadores, ajudaram os vizinhos, abriram portas, estenderam a mão”, frisou.
Sobre a possível origem da crise energética, que ainda é desconhecida, Pedro Nuno Santos assinalou que o que se sabe é suficiente para dizer que o apagão “não teve absolutamente nada a ver com a capacidade de produção de energia pelo sistema nacional”. “Ao contrário do que ainda ontem ouvi, a manutenção das centrais a carvão de Portugal não teria evitado o apagão de ontem”, defendeu. Para evitar situações destas no futuro, sustentou o antigo ministro das infraestruturas, é “continuar a reforçar a rede e modernizar a sua gestão”.
“Hoje o país tem diferentes fontes de energia, eólica, solar, hídrica e gás, temos de saber garantir a estabilidade do sistema e os padrões de segurança que teriam evitado o que vivemos ontem. Temos de assegurar uma correta gestão das redes de abastecimento para termos mais estabilidade e redundância na rede e mais capacidade de reação”, atirou, esclarecendo depois, em resposta às perguntas dos jornalistas, que o apagão aconteceria mesmo que a REN fosse pública.
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