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Postos da Cepsa começam a mudar de nome em novembro

Depois de mais de 90 anos como Cepsa, a companhia lança uma nova marca e uma nova estratégia. Postos ibéricos irão estar todos alterados no espaço de três anos.
31 Outubro 2024, 07h30

Os postos da Cepsa vão começar a mudar de nome em novembro. A petrolífera espanhola mudou o nome para Moeve e começa a transformação dos seus postos nos próximos dias.

Os postos de abastecimento vão começar a mudar em novembro, num processo gradual, ao ritmo de 600 ao ano em Portugal e Espanha”, disse fonte oficial da Cepsa Portugal ao JE.

A companhia conta com 1.800 postos em Portugal e Espanha, com a transição a estar completa no espaço de três anos. Em Portugal, a Cepsa conta com um total de 256 postos de combustível.

A nova marca foi anunciada pela empresa na quarta-feira assim como a estratégia Positive Motion para 2030 que marca uma maior aposta na descarbonização.

A companhia vai investir até 8 mil milhões de euros, dos quais mais de 60% serão destinados a negócios sustentáveis, como a produção de hidrogénio verde, segunda geração de biocombustíveis (2G) e produtos químicos sustentáveis, bem como carregamento elétrico ultrarrápido.

A petrolífera está a desenvolver o Vale Andaluz de Hidrogénio Verde, o “maior projeto apresentado até à data na Europa, com uma potência instalada de dois gigawatts até 2030.

Outra aposta é na criação do primeiro corredor marítimo entre os portos de “Algeciras e Huelva com o porto de Roterdão para ligar o sul e o norte da Europa e está a trabalhar no desenvolvimento de novas fábricas verdes de metanol e amoníaco juntamente com os seus parceiros”.

Por outro lado,  está a desenvolver o “maior complexo de biocombustíveis 2G do sul da Europa, localizado em Palos de la Frontera (Huelva), com uma capacidade de produção anual de um milhão de toneladas de combustível de aviação sustentável – SAF – e diesel renovável – HVO”.

Outro dos objetivos é atingir 30 centrais de biometano em Espanha.

Já os seus postos contam com mais de 160 pontos de carregamento ultrarrápido em funcionamento e prevê terminar o ano com 400 construídos em Portugal e Espanha.

“Apresentamos uma nova marca que reflete o nosso firme compromisso de sermos líderes na transição energética na Europa, especialmente no domínio das moléculas verdes, como o hidrogénio verde e os biocombustíveis 2G, e na mobilidade elétrica ultrarrápida”, disse Maarten Wetselaar, CEO da Moeve, em comunicado.

“Hoje lançamos Moeve como símbolo do nosso próximo passo na história do sector energético. Nascemos com a sigla Compañía Española de Petróleos SA em 1929 para construir a primeira refinaria em Espanha e liderar a primeira transição energética, e durante quase um século a Cepsa desempenhou um papel decisivo como motor do progresso e do crescimento económico em Espanha. Hoje, porém, o mundo precisa de outro tipo de soluções energéticas mais sustentáveis”, acrescentou.

A empresa vendeu este ano vários ativos de combustíveis fósseis, como a exploração e produção na Colômbia e Peru, depois de ter vendido ativos em Abu Dhabi em 2023, tendo já vendido 70% do seus ativos de produção de petróleo face aos que detinha em 2022.

Por outro lado, também anunciou em agosto a venda da sua operação de gás de garrafa em Portugal e Espanha aos chilenos da Abastible, detidos pelo conglomerado Copec por 275 milhões de euros.

Noutro âmbito, foi noticiado em Espanha a 25 de outubro que a Cepsa ameaça travar um investimento de três mil milhões de euros em Huelva, na Andaluzia. A petrolífera vai cancelar o investimento se o executivo tornar definitivo o ‘impuestazo’ uma taxa cobrada às energéticas espanholas.

O “Expansion” detalha que os acionistas da Cepsa (Mubadala e Carlyle) decidiram congelar o investimento de três mil milhões de euros no Vale de Hidrogénio da Andaluzia.

Este investimento prevê a construção de duas fábricas de hidrogénio verde em Palos de la Frontera (Huelva) e em San Roque (Campo de Gibraltar, Cadiz). Em conjunto, teriam uma capacidade de eletrólise de 2 gigawatts e a capacidade para produzir 300 mil toneladas de hidrogénio verde por ano.

Além disso, as fábricas também teriam capacidade para produzir biocombustíveis.

“A Cepsa está a avaliar o impacto que um aumento da sua tributação poderá ter, caso seja aprovado um novo imposto permanente. Se isso se concretizar, teria um efeito muito significativo na rentabilidade dos projectos de hidrogénio, pelo que teríamos que abrandar os investimentos previstos em Espanha e dar prioridade a projectos de hidrogénio verde noutros países que, inicialmente, tínhamos previsto para expansão internacional para uma segunda fase do plano estratégico do Positive Motion. A nossa transformação contínua é irreversível, para garantir que mais de metade do nosso lucro provém de atividades sustentáveis ​​em 2030″, disse fonte oficial da Cepsa Portugal ao JE na ocasião.

No início da semana passada foi noticiado em Espanha que a Repsol está a avaliar de desloca mais investimento para Portugal. Neste caso, um investimento de 1.100 milhões de euros previsto para Tarragona (Catalunha) para Sines em Portugal, revela o “El Pais”.

Depois ter anunciado um desvio de 15 milhões de euros no hidrogénio verde, a companhia espanhola analisa desviar este investimento que prevê um grande eletrolisador de hidrogénio verde, com capacidade para produzir 2,7 toneladas de hidrogénio verde por hora.

A produção de hidrogénio verde e oxigénio seria consumido pelas empresas no complexo petroquímico de Tarragona, o maior do sul da Europa. Este investimento tem entrada em operação prevista para 2028, aguardando ainda pela decisão final de investimento.

Além do eletrolisador, o projeto também visa a construção de uma Ecofábrica  para processar anualmente cerca de 400 mil toneladas de resíduos municpais não-recicláveis para produzir metanol, um combustível projetado para ser usado no transporte marítimo.

O Governo espanhol adiou a decisão sobre o “impuestazo”, uma taxa transitória cobrada a bancos e energéticas, mas que o executivo de Pedro Sanchez quer tornar permanente.

A Associação Espanhola de Operadores de Produtos Petrolíferos (AOP) que integra a Repsol, Cepsa, Galp e BP estimou que o “impuestazo” vai colocar em risco 16 mil milhões de euros de investimento previsto por este sector até 2030.

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