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Presidente da República: “Não vemos estes 45 anos como obra perfeita e acabada”

Marcelo Rebelo de Sousa discursou na sessão solene do 45º aniversário do 25 de Abril, no parlamento. O chefe de Estado frisou que existem desafios, tecnológicos e de alterações climáticas, que são distintos dos daqueles que tinham os”jovens de 74″.
  • Cristina Bernardo
25 Abril 2019, 11h54

O Presidente da República disse esta quinta-feira que os “jovens de 1974” exigem mais da democracia sócio-cultural, política e económica, mas não estão dispostos a esquecer aquilo que foi conquistado durante a Revolução dos Cravos. Nas comemorações do 25 de Abril, Marcelo Rebelo de Sousa lembrou, contudo, que existem desafios, tecnológicos e de alterações climáticas, que são distintos.

“Dir-se-ia que foi ontem, mas passaram já 45 anos. Dir-se-ia que foi ontem que os jovens protagonizaram um momento único do fim de um regime e do nascimento de outro. Que o rito se repita mas que seja mais de um rito: que seja memória, que seja resistência”, disse, na sua intervenção no parlamento. “Não cedemos a xenofobias e a traumas pós-coloniais”, frisou.

O Presidente da República – que se prepara para viajar para a China para uma visita de Estado – aplaudiu os militares, a “transição sem dor” da revolução que pôs fim à ditadura, o “caminho trilhado” pelos portugueses nos anos que seguiram, bem como o “denominador comum” conquistado [regime democrático]. No entanto, disse que, em rigor, há quem possa “não ter visto vencer tudo o que queria”.

A principal figura do Estado português lembrou que houve um período de descolonização tardia, de preparação para formar a CPLP e de começo do repto da comunidade europeia. “Lembremos bem o que nos unia, mesmo dos mais opostos pensamentos: liberdade em vez de repressão, justiça social mais partilhada em vez de desigualdade económica. Paz em África em vez de empenhamento militar sem solução”, referiu.

Apesar de ressalvar que Portugal é inexcedível em “fazer de conta de que mesmo o mais difícil é fácil”, sublinhou que não vê “estes 45 anos como obra perfeita, acabada”: “Longe disso. Desejamos muito mais e muito melhor. Mas não esquecemos que valeu a pena o passo fundador. Valeu a pena o 25 de Abril (…) Nós, os jovens de 74 continuamos a preferir a democracia, mesmo que imperfeita”.

O chefe de Estado português foi a última individualidade a chegar à sessão solene do 45º aniversário da Revolução dos Cravos e a última a intervir na Assembleia da República, mas o seu discurso era um dos mais esperados do dia. No ano passado, Marcelo Rebelo de Sousa centrou a sua intervenção nos perigo dos populismos, pedindo também união e proximidade entre eleitos e eleitores.

Notícia atualizada às 12h07

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