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Procura de alojamento residencial vai disparar em toda Europa, Portugal incluído

Alojamento para estudantes, residências assistidas para idosos e arrendamento acessível são principais pontos de pressão, segundo estudo da Cushman & Wakefield, divulgado esta quinta-feira. Consultora aponta Portugal como um dos países com maior desequilíbrio no sector. 
4 Julho 2024, 14h43

O sector residencial europeu deverá beneficiar de um crescimento substancial até 2040, antecipa o relatório Unpacking Europe’s Living Revolution (Desvendando a revolução residencial na Europa), divulgado esta quinta-feira pela Cushman & Wakefield. “A procura de diferentes tipos de alojamento residencial está a aumentar, em linha com alterações demográficas mais vastas e agentes específicos de mudança, incluindo a inacessibilidade dos preços de habitação tradicional, o crescimento das cidades, o envelhecimento da população e um nível mais elevado de habilitações”, justifica o estudo.

O aumento da procura por alojamento privado para arrendamento é sustentado por um declínio na acessibilidade dos preços da habitação em toda a Europa. No Reino Unido, por exemplo, diminuiu quase 30% na última década e em países europeus como Portugal e Irlanda, o acesso encolheu para metade.

Segundo o estudo, a procura gerada por esta situação, apelidada de “geração do arrendamento”, combinada com a falta de oferta no mercado de arrendamento, contribuiu para um forte aumento dos preços das rendas em praticamente todos os países europeus. A Polónia lidera com um aumento de 29% nos últimos três anos, seguida de Portugal (15,2%), República Checa (12,9%) e Espanha (9,7%).

Outro fator de pressão é a demografia. As populações das grandes cidades deverão crescer na próxima década entre 5 e 15% até 2040, reafirmando a sua condição de “motor” de procura no sector residencial. Por outro lado, o aumento previsto de entre 20% e 40% no número de pessoas com mais de 65 anos impulsionará a procura, já, crescente, de alojamento para séniores com prestação de cuidados de saúde.

O mesmo acontecerá com o alojamento juvenil em consequência do aumento dos níveis de ensino superior, de 25% para 32% na última década. A necessidade de alojamento estudantil construído de propósito (PBSA) cresceu em conjunto com este aumento, bem como a migração de estudantes de países asiáticos e africanos para estudar na Europa, salienta o estudo.

Na análise de Ana Gomes, partner e Head of New Business & Alternatives do departamento de Investimento da Cushman & Wakefield em Portugal, o estudo mostra que Portugal é “um dos países europeus com maior desequilíbrio no sector residencial”, o que se acentuará “com as significativas mudanças demográficas em curso”.

“A crescente chegada de imigrantes, o progressivo envelhecimento da população e o incremento da população estudantil são dinâmicas que intensificam a procura por habitações ajustadas a requisitos específicos, quer sejam económicos, de localização ou de serviços complementares”, salienta.

Segundo Ana Gomes, “a ausência de uma oferta condizente poderá precipitar uma crise habitacional de maior gravidade”, o que torna “inadiável implementar medidas extraordinárias que motivem os promotores a investir e a desenvolver novas soluções de alojamento”. Estas iniciativas deverão – adianta – priorizar a eficiência nos processos de licenciamento e a diminuição dos custos construtivos e operacionais”.

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