Sensivelmente uma hora depois de o grupo parlamentar do PSD ter apresentando as linhas gerais das conclusões que retirou do relatório preliminar da comissão parlamentar de inquérito à TAP, o PS pronuncia-se.
Bruno Aragão, o coordenador do PS para a CPI, começa por dizer aos jornalistas, nos Passos Perdidos, que “há uma distinção clara entre o que será esta parte final [dos trabalhos] e o que ela poderia ser”.
“Há partidos que optaram por fazer essa apresentação” de propostas, “por melhorar o relatório, debater e discutir e por se sujeitar ao escrutínio dos outros”, considera o deputado socialista. “Há depois os outros, que entenderam não fazer qualquer apresentação de propostas e, portanto, ficarem nos seus redutos”, acrescenta sobre a oposição social-democrata.
O socialista diz que “não há uma maioria de diálogo sem uma minoria de diálogo” e em resposta ao PSD diz que “um relatório não tem espírito, tem corpo – e aquilo que votamos é um corpo”.
“Esse tom acusatório que se mantém até ao fim desta comissão de inquérito vai ser uma marca” desta CPI, considera ainda Aragão.
Agora, sublinha o mesmo, importa “ir clarificando, com tranquilidade, um conjunto de factos que não aconteceram, que não são verdade e que vão passando [a ser] à força de tanta repetição”. “Continua-se a insistir no e-mail” enviado por Hugo Santos Mendes sobre o voo de Marcelo Rebelo de Sousa, “continua-se a insistir da questão da frota [automóvel], na reunião do grupo parlamentar… Como se essas coisas que estão no relatório tivessem sido ignoradas, mas sobretudo como se elas caracterizassem todo o que foi o processo de gestão da TAP”, diz.
Ainda sobre o PSD, diz que o partido “ignora os fundos Airbus e ignora a resposta do Tribunal de Contas”, enviada à CPI, que considera essa informação relevante. Também em resposta â indicação dada pelos sociais-democratas de que farão chegar ao Ministério Público aquilo que consideram ser indícios de crimes cometidos pelo Governo, diz apenas que não é assunto que caiba ao PS comentar.
“Todos os factos que justificam a ideia de que houve interferência alargada, constante, que absorveu a empres a e a gestão da empresa estão no relatório”, sublinha.
Questionado pelo Jornal Económico sobre o porquê de o mesmo relatório concluir que não houve interferência política na gestão quando três personalidades da administração dizem ter sentido essa interferência, responde de forma assertiva: “Essas são as perguntas de que eu gosto mais, porque eu posso devolver a pergunta e dizer ‘Quais foram as personalidades que disseram isso?”.
Neste caso, as afirmações partiram, em tons diferentes, da ex-CEO, Christine Ourmières-Widener, de Diogo Lacerda Machado e de Manuel Beja, o ex-chairman.
O deputado enumera então uma lista de inquiridos que refutam essas afirmações de ex-gestores.
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