Encerrado o mês que empurrou o S&P500 para a primeira queda mensal desde Março, com um recuo de -4%, os investidores começaram o último trimestre de 2020 com um sentimento redobrado de esperança na continuação da recuperação da economia, nomeadamente suportada por um novo pacote de estímulos acordado pelo Congresso dos EUA.
Pelo menos foi essa a presunção no início da sessão de quinta-feira, que permitiu que os índices norte-americanos começassem com valorizações interessantes, contudo e sem grande surpresa, a seguir ao almoço, a líder dos Democratas na Casa dos Representantes, Nancy Pelosi, alertou para o que já era evidente: os dois lados da barricada ainda estão bastante afastados, mais concretamente por $600 mil milhões, dado que a última proposta apresentada pelos Democratas é de $2,2 biliões, enquanto que os Republicanos, que dominam o Senado, só aceitam $1,6 biliões.
Foi essa chamada para a “realidade” que fez soluçar Wall Street, levando mesmo o Dow Jones a território negativo, mas a força das tecnológicas veio mais uma vez ao de cima, funcionando agora como “activo refúgio” anti-Covid, e deu fôlego na fase final da sessão levando o índice tecnológico a encerrar nos máximos do dia.
Um factor de optimismo que esteve omnipresente foi a queda nos pedidos de desemprego, com 837.000 novas solicitações em vez das 850.000 esperadas, ainda assim muito superior ao pico na crise financeira de 2008, de 667.000. Já o número de beneficiários após a primeira semana desceu quase um milhão, o que apesar de parecer muito bom, ainda deixa quase 11,8 milhões de norte-americanos a receber o apoio, mais de sete vezes o número que existia há um ano.
Para além disto, e até mais relevante, foram os dados referentes aos gastos e ao dinheiro disponível das famílias, um tema que referi aqui há umas semanas. Apesar do aumento de $141 mil milhões de gastos pelos consumidores em Agosto, houve uma forte redução de $541 mil milhões no rendimento disponível, um indício de que a almofada financeira que os cidadãos criaram com as verbas do Cares Act está a desaparecer, o que reforça substancialmente a necessidade de um novo pacote de auxílio, onde, por exemplo, na proposta dos Democratas está incluída uma verba de 1.200 dólares para os cidadãos elegíveis.
Veremos como irão decorrer as negociações, até porque ambos os lados vão querer usar um acordo com arma de arremesso na batalha política das presidenciais, e a falta dele poderá ser o que manchará de vermelho este mês de Outubro. Mas, enquanto isso não acontece, o sentimento tenderá a manter-se volátil, especialmente se os números dos non-farm payrolls que vão sair esta sexta-feira confirmarem um abrandamento significativo da retoma no mercado laboral.
O gráfico de hoje é do Nasdaq, o time-frame é diário.
Ao índice tecnológico falta-lhe agora apenas anular as quedas verificadas nos dias 4 e 5 de Setembro para atingir novos máximos históricos, numa clara demonstração de força relativa ao restante mercado.
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