O antigo deputado do Bloco de Esquerda Carlos Matias, crítico da atual liderança do partido, vê como “natural” a decisão de Catarina Martins de não se recandidatar. Embora, “pessoalmente”, admitisse qualquer das hipóteses, este foi um “anúncio natural de quem está, há dez anos, numa tarefa “tão difícil e tão exigente”.
“O que temos a fazer, da nossa parte, é reconhecer o trabalho dedicado, esforçado e empenhado da Catarina Martins e estar-lhe grato por esse trabalho”, afirma ao NOVO o antigo parlamentar e membro da plataforma Convergência, acrescentando que, pese embora as divergências de opinião que têm, “esse reconhecimento é devido”. É uma camarada com muitos méritos pessoais e que deu muito ao Bloco. No momento em que se retira, devemos dar esse testemunho de gratidão”, enfatiza.
Quanto ao futuro, o que Carlos Matias e os militantes críticos desta direção é que “a figura que será o rosto futuro do Bloco não obscureça o debate essencial” que deve ser central na convenção nacional dos dias 27 e 28 de Maio. Alinhando nas críticas apontadas por Pedro Soares, Carlos Matias defende que o debate essencial que está por fazer é “um balanço rigoroso e aprofundado do caminho que levou a sucessivas derrotas eleitorais e que a direção nacional sempre se recusou a fazer”. Paralelamente, é preciso “construir um programa político que reafirme o projeto autónomo para o partido reganhar força, porque o país precisa de um Bloco forte”, argumenta.
A plataforma Convergência, que reúne militantes críticos, prepara uma moção opositora da linha seguida por Catarina Martins, mas quem encabeçará essa lista é ainda uma incógnita. Em todo o caso, o “debate em torno dos rostos”, advoga o bloquista, “não nos deve desfocar do essencial, que é o debate político e é nisso que estamos empenhados neste momento”.
“Sendo nós uma plataforma alternativa, com ideias e propostas próprias para a direção do Bloco, o que queremos é que a direção seja encabeçada que não receie fazer o balanço das derrotas e que mude o rumo que tem seguido que tem sido muito mau”, afirma ainda, avisando que “no Bloco não há sucessões”: “Há eleições democráticas. No Bloco não se cortam cabeças nem se coroam cabeças, não há deuses nem diabos. há pluralidade e diversidade”, termina.
A coordenadora do Bloco de Esquerda revelou esta terça-feira que deixará de ser líder do partido, uma vez que não se recandidata ao cargo na próxima convenção. Catarina Martins justificou a decisão com o fim de um ciclo político em Portugal, depois de dez anos “extraordinários”, dos quais destaca a geringonça. Agora, com a maioria do PS, partido que acusa de ter guinado à direita, impõe-se também uma nova luta.
A renovação da liderança, acredita Catarina Martins, irá “multiplicar a energia do Bloco”. Mariana Mortágua poderá ser a mulher que se segue na liderança do partido.
Tagus Park – Edifício Tecnologia 4.1
Avenida Professor Doutor Cavaco Silva, nº 71 a 74
2740-122 – Porto Salvo, Portugal
online@medianove.com