As reservas obrigatórias dos bancos moçambicanos, em função dos depósitos, atingiram o valor mais alto do ano em abril, subindo para 227.373 milhões de meticais (3.035 milhões de euros), após recuarem 28% no primeiro trimestre.
De acordo com dados analisados hoje pela Lusa a partir de relatórios estatísticos do Banco de Moçambique, essas reservas obrigatórias no banco central ficam, ainda assim, distante do recorde histórico, em dezembro, de 291.457 milhões de meticais (3.891 milhões de euros), imediatamente antes do alívio destas restrições.
As reservas obrigatórias dos bancos comerciais estavam fixadas pelo Banco de Moçambique no coeficiente de 10,5% em moeda nacional e 11% em moeda estrangeira no início de janeiro de 2023. Contudo, nos primeiros seis meses de 2023, o banco central aumentou por duas vezes o coeficiente, para “absorver a liquidez excessiva no sistema bancário, com potencial de gerar uma pressão inflacionária”.
O último desses aumentos aconteceu em junho de 2023, chegando então a 39% dos depósitos em moeda nacional e 39,5% no caso de moeda estrangeira a ficarem em reserva bancária.
Desde o final de dezembro de 2022, quando ascendiam a 62.144 milhões de meticais (829 milhões de euros), o volume das reservas bancárias à guarda do banco central chegou a aumentar quase 400%, até ao final de 2024.
Face à falta de divisas no mercado interno, os empresários moçambicanos insistiram nos últimos meses na necessidade de o banco central aliviar os coeficientes de reservas obrigatórias em moeda estrangeira.
Essa decisão só surgiu em 27 de janeiro deste ano, quando o Comité de Política Monetária (CPMO) do Banco de Moçambique decidiu cortar nos coeficientes de reservas obrigatórias em moeda nacional, para 29%, e em moeda estrangeira, para 29,5%.
“Visando disponibilizar mais liquidez para apoiar a economia na reposição da capacidade produtiva e da oferta de bens e serviços”, referia o comunicado da reunião do CPMO.
Entretanto, o governador do Banco de Moçambique, Rogério Zandamela, afirmou em 26 de março que a liquidez no sistema financeiro, nomeadamente em divisas, é suficiente, após a redução decidida em janeiro dos coeficientes, que não prevê repetir para já.
“Neste momento estamos tranquilos com o nível de liquidez que existe no sistema, não há necessidade de tocar na liquidez estrutural, mexendo com as reservas obrigatórias. Vamos manter. Não é uma coisa que se brinca, com os coeficientes”, disse o governador, questionado pelos jornalistas no final da última reunião do CPMO.
Nas reunião de março e depois de maio, o CPMO voltou a cortar nas taxas de juro, mas manteve os coeficientes obrigatórios inalterados, com Rogério Zandamela a justificar que a medida adotada na reunião anterior “libertou muita liquidez”.
Tagus Park – Edifício Tecnologia 4.1
Avenida Professor Doutor Cavaco Silva, nº 71 a 74
2740-122 – Porto Salvo, Portugal
online@medianove.com