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Sérvia: primeiro-ministro apresentou a demissão a Alesandar Vucic

Milos Vucevic não resistiu ás evidências de que o acidente que há três matos 15 pessoas na estação ferroviária de Novo Sad tem contornos políticos que não podem ser ultrapassados.
28 Janeiro 2025, 13h33

O primeiro-ministro sérvio, Milos Vucevic, renunciou ao cargo esta terça-feira, tendo explicado que tomou a decisão após o ataque a estudantes em Novi Sad, onde, segundo os estudantes bloqueados, um grupo de homens com tacos de beisebol os perseguiu. “O governador de Novi Sad e eu consideramo-nos objetivamente responsáveis ​​pelo que aconteceu em Novi Sad e por isso pagamos voluntariamente um preço político”, disse Vucevic. O autarca de Novi Sad, Milan Duric, também apresentou a sua renúncia.

A demissão dos dois políticos, bem como a publicação de documentação completa sobre a reconstrução da estação ferroviária de Novi Sad, foram as primeiras exigências da oposição e dos estudantes da cidade após um acidente em que morreram 15 pessoas. O acidente aconteceu há três meses, mas desde aí ficou cada vez mais claro que o governo não iria resistir às suas consequências políticas. O teto da estação da cidade desabou e matou 15 pessoas no passado dia 30 de dezembro – depois de obras de manutenção.

Vários protestos em massa, nos quais se reuniram dezenas de milhares de cidadãos, foram realizados nas semanas anteriores a convite de estudantes que bloqueavam as faculdades. O Ministério Público Superior de Novi Sad apresentou acusações contra 13 pessoas eventualmente responsáveis pela queda do teto. Entre os acusados estão o ex-ministro da Construção, Transportes e Infraestruturas Goran Vesic e a sua assistente Anita Dimoski, bem como a ex-diretora da empresa pública Infrastrukture Zeleznice Srbije, Jelena Tanaskovic. Dez dos acusados estão sob custódia, mas Vesic, que chegou a ser preso, está em liberdade, enquanto Tanasković e Dimoski estão em prisão domiciliária. A libertação do ministro alimentou a evidência de que a investigação do que aconteceu não é independente – e que o regime populista de Vucic continua a infringir as regras mais básicas da democracia.

O presidente sérvio, Aleksxandar Vucic , afirmou que nos últimos três meses criou-se um “ambiente que não agrada a ninguém”. “Durante estes três meses, ouvimos várias acusações contra autoridades do Estado, apelos à revolta contra o Estado, ouvimos muitas declarações irresponsáveis, que não eram apenas da oposição, mas também do governo”, acrescentou. Era a abertura da porta para que o primeiro-ministro apresentasse a sua demissão.

Vucevic disse que desempenhará o cargo de primeiro-ministro até que um novo seja eleito. “Neste momento, todo o governo está em mandato técnico. Com a demissão do primeiro-ministro, todo o gabinete cai. De acordo com a Constituição da Sérvia, após a demissão do primeiro-ministro, a Assembleia Nacional deverá declarar a sua demissão na primeira sessão seguinte. O mandato do governo termina no dia dessa confirmação. Depois, o presidente da República é obrigado a iniciar o procedimento para a eleição de um novo governo.

Se a Assembleia Nacional não eleger um novo governo no prazo de 30 dias a contar da data da demissão do primeiro-ministro, o presidente é obrigado a dissolver a Assembleia Nacional e a convocar eleições. Aleksandar Vucic já aceitou a demissão.

Srđan Milivojevic, do Partido Democrata, na oposição, disse que “por causa do ataque desta noite às nossas crianças em Novi Sad, nenhuma demissão irá salvá-los – nem a de Vucevic, nem a sua”, dirigindo-se ao próprio Vucic. A Frente Verde e de Esquerda disse que é hora da responsabilidade criminal. “A Sérvia nunca mais deve ser governada por um polvo criminoso cujas ações corruptas ceifam a vida dos nossos cidadãos e cujos projetos prejudiciais causam incerteza económica, divisões e conflitos”, escreveu nas redes sociais.

Durante estes dois meses, os estudantes bloquearam mais de 60 faculdades e exigem responsabilidade criminal e política pela morte das 15 pessoas em Novi Sad.

A Comissão Europeia já foi informada sobre a demissão do primeiro-ministro sérvio, mas os responsáveis ​​de Bruxelas não querem comentar a decisão, uma vez que, na sua opinião, se trata de uma questão política interna do país, referem as agências noticiosas.

O porta-voz da Comissão, Guillaume Mercier, confirmou em conferência de imprensa que as instituições da União Europeia estão a acompanhar de perto a atual situação política interna na Sérvia e a grande mobilização de estudantes e outros grupos. Recorde-se que a Sérvia está ‘às portas’ da União Europeia para entrar no bloco dos 27, juntamente com outros países dos Balcãs Ocidentais.

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