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Siemens: “IA está a moldar o futuro da indústria transformadora. Desafio é saber como escalar”

A quase 600 quilómetros da cidade onde Werner von Siemens fundou a Siemens, Berlim, centenas de participantes – entre parceiros, clientes e outros especialistas – juntaram-se na terceira edição da ‘AI with Purpose Summit’, dedicada à IA industrial, que decorreu em Munique em meados de junho. 
21 Julho 2024, 17h30

O ano é 1973. A primeira chamada por telemóvel é feita a partir de Nova Iorque, Richard Nixon toma posse para um segundo mandato, os Bahamas votaram a sua independência e Pinochet toma o poder após o golpe militar do Chile. 

Este é também o ano em que a Siemens dá os primeiros passos na Inteligência Artificial (IA), entrando para a lista de empresas pioneiras nesta área. 

A quase 600 quilómetros da cidade onde Werner von Siemens fundou a empresa alemã, em Berlim, centenas de participantes – entre parceiros, clientes e outros especialistas – juntaram-se, em Munique, para a terceira edição da ‘AI with Purpose Summit’, dedicada à IA industrial. 

“A inteligência Artificial ou, em especial, a Inteligência Artificial industrial, não é nova para nós. Começámos a investigar aquilo a que então, já nos anos 70 se chamava Inteligência Artificial – sistemas de perguntas e respostas baseados na linguagem natural”, explicou Norbert Gaus, chefe de corporate research na Siemens Worldwide, numa apresentação para a imprensa, debruçando-se sobre o caminho de transformação digital e desenvolvimento de soluções da empresa fundada em 1847.  

Segundo o mesmo responsável, o desafio está na escala das soluções. “A IA está a moldar o futuro da indústria transformadora e da intralogística. O desafio é saber como a escalar”, continuou. 

“Esta transformação, nomeadamente no mundo industrial, passa pela combinação do mundo físico com a produção digital. É a base da nossa estratégia no que diz respeito à tecnologia. Trata-se sempre da combinação de um ativo físico da Siemens ou de um dos nossos clientes, com um mundo digital”, continuou. Segurança, fiabilidade, confiança, eficiência de dados são, de acordo com Norbert Gaus, os quatro eixos que norteiam os trabalhos da empresa neste campo. Aqui, a estratégia da Siemens passa, necessariamente pela “combinação de várias tecnologias”. Além disso, continuou, “a interoperabilidade tem uma prioridade muito elevada flexibilidade naquilo que fazemos e na forma como o fazemos”.

“Temos vindo a lançar e a utilizar produtos para a manutenção preditiva e preventiva. O primeiro foi na indústria siderúrgica, nos anos 90. Depois veio o tempo da aprendizagem profunda, tudo baseado nas necessidades industriais. 2022 foi um grande ano, o ano do lançamento do ChatGPT, que, para nós, não era novidade. O que foi um pouco inesperado foi o enorme salto que vimos com a versão três do GPT”, explicou.

Segundo Norbert Gaus, a Siemens tinha vindo a avaliar há vários anos “a forma como pode ser utilizada no espaço industrial”. “Quando foi lançada, tínhamos quase mais de 40, quase 50 patentes nesta área”, revelou.

“A fiabilidade tem de ser muito, muito elevada e não podemos dar-nos ao luxo de lançar um produto ou uma solução baseada na inteligência artificial se for menos fiável do que o que temos atualmente. E é nestas áreas que concentramos as nossas atividades de investigação de investimentos, que estamos a aproveitar a onda do que as empresas de TI nos estão a fornecer”, continuou.

Norbert Gaus falou, ainda, dos projetos desenvolvidos com a Microsoft enquanto parceiro. “Estamos a criar um sistema Copilot de engenharia, que já lançámos e mostrámos na Feira de Hannover. Trata-se de um sistema que pode efetuar tarefas cognitivas criativas no espaço da engenharia, criando código de automação de forma simples”, explicou.

Por sua vez, Benno Blumoser, cofundador e head of the Siemens AI Lab afirmou que já se caminha para uma nova fase da IA. “A IA já não é feita apenas por especialistas. Agora toda a gente pode ser um inovador de IA. E temos de lidar com a ambiguidade”, alertou.

“Todos vemos o potencial de utilização indevida da IA. Temos de o combater. Também vemos as potenciais implicações mercado de trabalho.
E ainda não sabemos se a IA está realmente a consumir mais energia ou a contribuir positivamente para os objetivos de desenvolvimento sustentável”, foram algumas das questões levantadas. “A escalabilidade continua a ser um “monstro” que temos de domar de alguma forma”, continuou, abordando o desafio também levantado por Norbert Gaus.

“Temos de aprender e compreender que a mudança nunca será tão lenta como é atualmente. Por isso, temos de a aceitar. Temos de desenvolver uma cultura de capacidade de absorção para sermos capazes de responder a estas situações”, finalizou.

Novo centro de investigação global da Siemens

Em abril, a Siemens inaugurou, em Munique, aquele que é um dos maiores centros de ciência, investigação e ensino na Europa, num investimento de mais de 100 milhões de euros. Trata-se do primeiro complexo de edifícios do Siemens Technology Center (STC) no Campus de Investigação de Garching, a norte de Munique, na Alemanha, zona onde estão localizadas outras instituições como o Instituto Max Planck e a SAP.

JE viajou a convite da Siemens

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