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Sindicatos da CP exigem ao Governo “mais ações do que discurso”

Funcionários da empresa estão em greve que terá um especial impacto nos dias de hoje e quinta-feira, devido ao maior número de sindicatos (14) que aderiram à paralisação nestes dias.
7 Maio 2025, 16h11

A Fectrans exigiu hoje ao Governo mais ações do que discurso, para resolver a greve na CP – Comboios de Portugal, que continua com 100% de adesão, considerando que “dizer ‘é isto ou nada’ não é uma posição de negociação”.

“Do ministro exige-se mais ações do que discurso”, considerou o coordenador da Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações (Fectrans), José Manuel Oliveira, em declarações à Lusa.

Segundo a federação de sindicatos, a greve de hoje, sem serviços mínimos, continua, pelas 13:00, a manter parada a circulação de comboios da CP em todo o país, sendo este o cenário esperado para todo o dia.

“O ministro em vez de andar a fazer discursos públicos, devia ter, de facto, maleabilidade para discutir e não chegar a uma reunião e dizer ‘é isto ou nada’, isto não é uma posição de negociação”, apontou José Manuel Oliveira.

O ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz, acusou hoje os sindicatos que representam os trabalhadores da CP de terem parado o país com uma greve marcada por interesse político, em altura de eleições, vincando que o Governo “não cede a pressões” e que tentou negociar com os sindicatos, “indo ao limite” do que a lei permite a um executivo em gestão.

“O ministro tem de ter em conta que nós estamos a reivindicar um acordo que foi feito e, até nas palavras dele, sustentado nas posições do ministério. Esse acordo foi feito no dia 24 de abril, não se percebe porque é que dois dias depois, a CP diz que não o pode aplicar porque não tem aval do ministro”, explicou o coordenador da Fectrans, considerando que Pinto Luz ou “estava de má fé”, ou não sabia que pelo facto de o Governo estar em gestão, não podia sustentar o acordo alcançado entre a empresa e os sindicatos, que a administração considerou “histórico”.

Segundo o dirigente sindical, o ministro não fez qualquer proposta aos sindicatos na segunda-feira, mas sim comunicou ter sido encontrado um “alçapão na lei” que permitia autorizar a CP a implementar uma parte do acordo, correspondendo a 5,7 milhões de euros.

“Se os juristas conseguem encontrar ‘alçapões’ para isso, também podem encontrar ‘alçapões’ para garantir que, independentemente daquilo que vier a acontecer no próximo quadro eleitoral, os trabalhadores, no mínimo, têm garantias que aquilo que já foi acordado, que as expectativas que foram criadas, que o trabalho que foi feito pela administração e pelos sindicatos, não tenha de voltar à estaca zero”, salientou José Manuel Oliveira.

A federação de sindicatos reiterou, assim, a sua disponibilidade para “conversar o tempo que for necessário”, para que o “conflito que está instalado possa interromper-se o mais rapidamente possível”.

“Mais do que discursos, nós efetivamente queremos da parte do Governo abertura para as soluções e não chegar a reuniões e dizer ‘a solução que encontrámos é esta e isto não é discutível, não há discussão possível’, isto não é solucionar nada”, vincou o sindicalista.

A paralisação, que se prolonga até 14 de maio, foi convocada contra a imposição de aumentos salariais “que não repõem o poder de compra”, pela “negociação coletiva de aumentos salariais dignos” e pela “implementação do acordo de reestruturação das tabelas salariais, nos termos em que foi negociado e acordado”, segundo os sindicatos.

A greve terá um especial impacto nos dias de hoje e quinta-feira, devido ao maior número de sindicatos (14) que aderiram à paralisação nestes dias.

Por decisão do Tribunal Arbitral, as greves não têm serviços mínimos.

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