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Sissoco Embaló defende “mecanismos de financiamento mais realistas e adaptados às necessidades dos países em desenvolvimento”

Declarações foram feitas na Conferência Internacional sobre o Financiamento para o Desenvolvimento (FfD4) das Nações Unidas, que começou esta segunda-feira, dia 30 de junho, em Sevilha.
30 Junho 2025, 18h13

O presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, admitiu, esta segunda-feira, que “infelizmente, os objetivos e compromissos assumidos em Monterrey, Doha e Adis Abeba ainda não foram plenamente concretizados”, referindo-se às três primeiras edições da Conferência Internacional sobre o Financiamento para o Desenvolvimento (FfD4). As declarações foram feitas naquela que é a quarta FfD4 das Nações Unidas, que começou esta segunda-feira, dia 30 de junho, em Sevilha.

Para o governante, “chegou o momento de revermos a nossa abordagem e de criarmos mecanismos de financiamento mais realistas, eficazes e adaptados às necessidades dos países em desenvolvimento”.

“Para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), bem como as metas da Agenda 2063 da União Africana, países como a Guiné-Bissau precisam mobilizar recursos significativos — muito além do que é possível atualmente com receitas internas ou ajuda externa”, defendeu o presidente guineense no seu discurso.

Segundo Umaro Sissoco Embaló, “a nível nacional, continuamos a enfrentar défices de financiamento em setores essenciais como: a saúde, a educação, a agricultura, as infraestruturas, e a adaptação às mudanças climáticas”.

“Esses défices são agravados por fatores externos como a instabilidade dos mercados internacionais, o difícil acesso ao crédito, devido as elevadas taxas de juro, os efeitos das alterações climáticas, assim como pelo impacto económico imprevisível dos conflitos armados e crises geopolíticas globais”, sublinhou.

Além disso, “o peso da dívida externa torna mais difícil o investimento em prol do desenvolvimento sustentável para os países do Sul”. “Precisamos de mais flexibilidade e de um tratamento mais equilibrado no sistema financeiro internacional. A este respeito, a Guiné-Bissau defende uma reforma profunda da arquitetura financeira internacional, para que esta se torne mais justa, equitativa e acessível aos países mais vulneráveis”, frisou.

Umaro Sissoco Embaló defendeu ainda que países como a Guiné-Bissau “precisam de financiamentos previsíveis, flexíveis e ajustados às nossas realidades socioeconómicas e alinhados com o nosso plano nacional de desenvolvimento”.

“Queremos sair de Sevilha com resultados positivos. Os nossos povos esperam decisões concretas, capazes de mobilizar toda a comunidade internacional a favor do desenvolvimento e da erradicação da pobreza no mundo”, afirmou.

Mais de 190 países adotam esta semana o “Compromisso de Sevilha”, que, para o subsecretário-geral da ONU Marcos Neto, “é o melhor documento possível” no mundo atual, mas permitirá avanços no financiamento do desenvolvimento e combate à pobreza.

“É o melhor documento da história? Não. É o melhor documento possível neste momento, sim”, disse Marcos Neto, em entrevista à Lusa, a partir da sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque.

O também diretor do Gabinete de Políticas de Apoio a Programas do PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, realçou que, num momento em que se ouve insistentemente que “o multilateralismo está morto” e não tem resultados, foi possível negociar um documento para relançar a cooperação internacional e o financiamento ao desenvolvimento que 192 dos 193 países membros da ONU vão subscrever.

O documento, de 68 páginas, vai ser formalmente adotado na 4.ª Conferência Internacional sobre Financiamento ao Desenvolvimento (FFD4) da ONU, que decorre em Sevilha, Espanha, de segunda a quinta-feira.

O “Compromisso de Sevilha” foi negociado no seio da ONU, no comité de preparação da conferência, copresidido por Portugal e pelo Burundi, com Marcos Neto a elogiar a diplomacia portuguesa por conseguir fechar um acordo e também que não fosse vetado pelos Estados Unidos da América (EUA), que se ausentou da negociação e não estará em Sevilha, mas não bloqueou o acordo, exigindo, por exemplo, uma votação.

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