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Tarifas? Setor automóvel nacional exposto a efeitos colaterais

Setor automóvel nacional defende a criação de um cheque para comprar 40 mil carros por ano.
14 Abril 2025, 15h27

O setor automóvel nacional está exposto a efeitos colaterais das tarifas norte-americanas. Este efeito pode vir a ter lugar através dos componentes fabricados no país e que depois vão abastecer clientes europeus que vendem para os EUA.
É verdade que Donald Trump adiou as tarifas durante 90 dias à União Europeia, mas a instabilidade característica do presidente norte-americana levanta muitas questões neste momento.
No caso da produção automóvel, a Associação Automóvel de Portugal (ACAP) aponta que 90% do fabrico nacional destina-se ao mercado da União Europeia, com a exposição aos EUA a não chegar a 1%.
No caso da produção de componentes, a exposição aos EUA fica abaixo de 5%, mas pode “ser diretamente afetada através das fábricas europeias que fornecem os EUA”, disse na sexta-feira o secretário-geral da ACAP em conferência de imprensa.
“As tarifas são um retrocesso do multilateralismo comercial. No âmbito da União Europeia, é preciso esgotar a capacidade negocial, não entrar na retaliação imediata pura e dura”, defendeu Hélder Barata Pedro no encontro com jornalistas.

Quanto pesa o setor automóvel na economia nacional? O setor gerou um volume de negócios de 43 mil milhões de euros em 2023, gerando riqueza na ordem de 6,1 mil milhões de euros.

As exportações atingiram 10 mil milhões de euros, pesando 13% nas exportações nacional de bens. O setor emprega 167 mil trabalhadores, com 35 mil empresas dedicadas a este ramo.

Noutra frente, o setor automóvel nacional defende a criação de um cheque para comprar 40 mil carros por ano. Cada cheque destina-se a veículos eletrificados em troca de um veículo para abate.

A ideia é criar cheques de 4 mil euros para carros eletrificados, majorado em 5 mil euros no caso de 100% elétricos.

Custo? 315 milhões de euros para apoiar a compra direta. Mas o retorno das receitas fiscais (estimado em 160 milhões de euros) gera um superavit de 138 milhões de euros, segundo as contas hoje apresentadas pela Associação Automóvel de Portugal (ACAP) à imprensa num evento em Lisboa.

Nas suas contas, o setor teve em conta as receitas fiscais com IVA, ISV e o IUC.

“Dada a idade média dos veículos, temos que alargar os incentivos a todos os veículos com alguma eletrificação”, defendeu o presidente da ACAP, Sérgio Ribeiro, em conferência de imprensa.

O responsável da ACAP considera que o último programa de cheques foi claramente insuficiente: os cerca de 15 milhões de euros esgotaram em “quatro dias”, dando apenas para a compra de 1.400 veículos, o que considera ficar muito abaixo do suficiente para substituir a frota automóvel em Portugal.

“Não pode ser só com elétricos, não há infraestruturas, não há produção de eletricidade suficiente… Temos de substituir 1,6 milhões de viaturas com mais de 20 anos. O parque automóvel médio tem 14 anos… As viaturas com algum tipo de eletrificação emitem menos de 95 gramas de CO2”, disse Sérgio Ribeiro.

Sobre as metas europeias para a descarbonização dos produtores automóveis, o responsável disse que são “absolutamente irrealistas”.

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