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Touros tiram férias de Wall Street

O US dólar perdeu terreno, mas, em contrapartida, o ouro fortalece e atinge novos máximos históricos.
  • Andrew Harrer/Bloomberg
27 Julho 2020, 10h27

Se os últimos dois dias da semana passada foram apenas um fim-de-semana antecipado e prolongado para os Touros de Wall Street, ou algo mais duradouro, só os próximos dias irão tirar as dúvidas, até porque a situação corrente nos mercados é de tal forma volátil que antecipar movimentos com mais de alguns dias é tarefa hercúlea, além de existir uma clara tendência bullish, mas que pode dar aqui e acolá espaço para uma queda mais acentuada.

As razões para o pessimismo na sexta-feira incluíram a já habitual preocupação com a propagação da pandemia de Covid-19 nos EUA e uma eventual necessidade de novas quarentenas em algumas zonas populosas. A retórica de quezília entre os EUA e a China subiu de tom, com o país asiático a ordenar o encerramento do consulado norte-americano em Chengdu, em retaliação pelo fecho do consulado chinês em Houston, não foi nada de extraordinário, contudo dá indícios de que o tema da guerra comercial poderá ser de novo dominante quanto mais próximas estiverem as eleições presidenciais, visto que é um “trunfo” que Trump utiliza para galvanizar o seu eleitorado.

Ao nível fundamental, o aviso da Intel sobre um atraso na produção fez estragos consideráveis no sector tecnológico, com o Nasdaq a perder mais que os restantes índices, mas também pesou no Dow Jones, com uma desvalorização de -16,2% nos títulos da mítica fabricante de chips que entretanto foi ligeiramente amenizada pelo ganho de 1,72% registado pela Verizon, após apresentar resultados trimestrais acima do esperado.

No entanto, se as perdas na ordem dos -0,65% em Wall Street podem parecer um dia normal, o registo é mais interessante do que poderá parecer, isto porque estamos a falar de um deslize que ocorreu no mercado accionista num dia em que o US dólar também cedeu muito terreno, -0,6% para o mínimo de seis meses, quando uma queda na moeda norte-americana costuma dar azo a valorizações positivas nas acções. Ou seja, a fraqueza relativa foi maior do que os números revelam à primeira vista.

O ouro, em contrapartida, não está nada fraco e tem aproveitado a boleia da trajectória descendente do US dólar, que perde esta segunda-feira mais -0,7%, dando o impulso necessário para que o metal precioso atinja um novo máximo histórico nos $1,935 por onça, com um ganho de 1,7%.

Para esta semana há também que ter em atenção a reunião da Fed, de onde poderão sair alguns indícios de uma posição ainda mais acomodativa nos próximos meses, algo que está a condicionar negativamente o US dólar por antecipação. No campo económico,  os números do PIB dos EUA serão divulgados na quinta-feira, enquanto na componente empresarial três pesos pesados do mercado vão divulgar os seus resultados: Apple, Amazon e Google.

 

 

O gráfico de hoje é do EUR/USD, o time-frame é semanal.

Caso quebre em alta a zona de resistência que referi anteriormente nos $1,184, este par de moedas só tem nos $1,243 outra zona de resistência técnica, portanto bastante espaço para “correr”.

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