A diretora-geral adjunta para parcerias internacionais da UE, Myriam Ferran, apontou hoje Cabo Verde como “um laboratório” do impacto que as relações de investimento conseguem provocar e em que o objetivo é reforçar iniciativas.
“Cabo Verde mostra o potencial transformador do Global Gateway, uma estratégia mundial, mas acho que é aqui o laboratório do que podemos atingir no terreno, num arquipélago de resiliência notória e localização estratégica, a fazer a ponte entre continentes”, referiu, na terceira visita às ilhas.
Myriam Ferran falava durante o fórum de investimentos que arrancou na quarta-feira e termina hoje, na ilha do Sal, com um dia focado no programa europeu, que dedica um pacote base de 300 milhões de euros, em expansão, para projetos estruturais nos próximos anos no arquipélago.
“Um laboratório de inovação que só é possível por ser uma democracia forte”, acrescentou, perguntando “o que mais pode atrair investimento do que um ambiente de negócios seguro, baseado num estado de direito?”.
O fórum que hoje termina serviu para “identificar muitos mais investimentos, comércio, oportunidades e garantir uma presença adicional da UE em Cabo Verde, para benefício dos cabo-verdianos”, frisou Myriam Ferran.
“Sim, Cabo Verde quer ser um laboratório para ser o melhor modelo de governação do Global Gateway”, respondeu Olavo Correia, vice-primeiro-ministro de Cabo Verde, com a tutela das Finanças, numa intervenção orientada para o estreitamento da “cumplicidade” já existente com a UE.
O governante agradeceu aos empresários europeus, já presentes em todos os níveis e setores de atividade, por “acreditarem” no país.
“Se acreditam, merecem o nosso amor, carinho e admiração. Cabo Verde tem desafios, sim, mas é um país de oportunidades”, disse.
E lançou o desafio para que mais se juntem ao arquipélago durante o fórum.
“Temos instrumentos para fazer melhor e mais rápido”, afirmou Olavo Correia, mas será preciso esperar pelos próximos meses para saber se os contactos surtiram efeito.
Olavo Correia sugeriu melhorias às parcerias com a Europa: “temos hoje, infelizmente, um ciclo de execução de projetos que é muito longo, leva muitos anos, com muitas burocracias pelo meio, no plano interno e externo. Temos de encurtar esse ciclo”, disse.
Bruno Lopes, diretor-executivo da Cabeólica, principal empresa de energias renováveis do país, sugeriu um acerto entre a dimensão mínima exigida pelos programas de financiamento, com “apetite” além do que podem saciar os privados de países com a dimensão de Cabo Verde.
Sugeriu ainda uma agilização da fase de escrutínio de projetos, porque “até se atingir o financiamento é certamente um desafio” para investidores.
Segundo a UE, ao abrigo do pacote Global Gateway, “já foram aprovados 344 milhões de euros para projetos estruturantes em Cabo Verde”.
“A inauguração do terminal de passageiros de cruzeiros do Mindelo, São Vicente, as obras já em curso no porto da Palmeira, no Sal, e nos parques eólicos da Cabeólica, em Santiago, são frutos concretos destes investimentos”, sendo que as obras de maior montante estão em fase de preparação.
A maior verba, 159 milhões de euros, vai permitir expandir o parque eólico das ilhas e produzir eletricidade limpa. Outro eixo de financiamento ao Estado cabo-verdiano ronda 105 milhões de euros e é dedicado ao desenvolvimento de infraestruturas portuárias.
Na área digital, 37 milhões de euros em garantias financeiras do BEI pretendem facilitar o investimento num novo cabo de fibra ótica, ligações entre ilhas e modernização da rede móvel.
No evento de hoje foi ainda divulgada a carta de intenção de retorno da Agência de Desenvolvimento de França a Cabo Verde, com apoio previsto ao setor portuário do país, bem como um memorando de entendimento com a cooperação austríaca para financiar obras de saneamento na ilha da Boa Vista.
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