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Um trimestre fabuloso em três meses horríveis

O trimestre pode ter sido excelente para os investidores, mas foi horrível para o mercado de trabalho.
1 Julho 2020, 12h25

É difícil encontrar adjectivos capazes de pintar o quadro mais fidedigno do movimento dos mercados e da economia global no último trimestre, e em particular de Wall Street e da maior economia do mundo.

Isto porque, pasme-se, o S&P 500 registou o melhor trimestre dos últimos 22 anos numa altura em que a taxa de desemprego nos EUA deverá estar acima dos 12%. Só o saberemos na quinta-feira, depois de uma contracção do PIB de -5% nos primeiros três meses do ano. Mas, o mais relevante, é que a valorização não ocorreu a partir de uma correcção substancial, nada disso, pois apesar da queda de 30% até Março, a mais rápida da história dos índices norte-americanos, o certo é que Wall Street está agora à distância de alguns pontos percentuais de novos máximos históricos, em especial o Nasdaq.

O trimestre até pode ter sido excelente para os investidores, mas foi horrível para o mercado de trabalho. O aumento de desempregados num tão curto espaço de tempo foi absolutamente disruptivo para uma boa parte da economia, mas ainda mais importante, colocou a humanidade em estado de alerta e ansiedade, o que poderá resultar em sérios problemas sociais e de saúde derivados das medidas de isolamento e do aumento da incerteza sobre o futuro próximo, em termos financeiros ou de saúde.

Aliás, ainda esta terça-feira, no seu testemunho ao House Financial Services Committee, Jerome Powell, presidente da Fed, reiterou os avisos sobre a necessidade imperiosa de se evitar uma segunda vaga da pandemia. Powell deixou claro que a economia dos EUA ainda não está a salvo da crise e que se a propagação da Covid não for contida, o Governo e os cidadãos poderão ter de se retirar de novo da actividade económica, o que atrasaria substancialmente uma recuperação que o próprio já assumiu ir ser demorada.

Apesar das incertezas, os Touros não deixaram os seus créditos em mãos alheias e elevaram a fasquia para a segunda metade do ano, ao puxarem os índices para uma sessão de valorizações confortáveis, com o S&P 500 a subir mais de 1,5% e todos os seus sectores a adicionar valor, entre os quais se destacaram as energéticas que ganharam 2,2%, logo seguidas das tecnológicas que amealharam 1,92%.

No mercado cambial o dia foi de alguma acalmia com o dólar americano a ceder -0,2%, ajudando à valorização de 1% no preço do ouro para os 1,798 dólares por onça. No entanto, isso não explica todo o movimento, o que é curioso, pois sendo um activo refúgio de excelência, ontem era previsível que estivesse sob pressão vendedora extra.

O gráfico de hoje é do ouro, o time-frame é mensal.

 

 

O ouro continua a sua caminhada ascendente, estando agora a cerca de 10% de novos máximos históricos.

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