O que se passa com a moeda chinesa?
O yuan registou a maior desvalorização mensal de que há registo contra o dólar norte-americano, em junho, na altura em que as tensões comerciais entre China e EUA aqueceram. No acumulado do ano, a moeda chinesa já soma uma depreciação de 4%, sendo que as valorizações do início do ano estão a compensar o tombo de 6% desde o mês passado.
Como é que Trump tem impacto no yuan?
A guerra comercial tem sido penalizadora para o mercado cambial. A aceleração das perdas do yuan face ao dólar corresponderam à altura em que o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou a imposição de tarifas aduaneiras de 25% à importação de produtos chineses avaliados em 50 mil milhões de dólares. Na semana passado, o norte-americano usou o Twitter para uma nova ofensiva.
“A China, a União Europeia e outros têm manipulado as moedas e as baixas taxas de juro, enquanto os EUA têm subido os juros com o dólar a tornar-se mais forte a cada dia que passa, o que nos tira a nossa grande vantagem competitiva”, escreveu o presidente dos EUA.
Os mercados estão a mostrar preocupações?
“Do lado cambial, o mais preocupante é a depreciação do yuan (-6,0% contra o dólar desde junho) por dois motivos: (i) faz-nos lembrar o verão de 2015, quando a queda do yuan provocou uma correção do mercado e (ii) pelas acusações de Trump sobre manipulação da divisa, que não auguram nada de bom”, explicam os analistas do Bankinter, numa nota publicada esta terça-feira.
Fonte: Blackrock
O que aconteceu em 2015 está a repetir-se?
Em 2015, o Banco Central da China desvalorizou a moeda propositadamente para impulsionar as exportações. A decisão foi mal recebida pelos mercados internacionais e a falta de confiança do mercado chinês levou a uma mini-crash das bolsas globais.
“O recente tombo do yuan e dos mercados acionistas da China reacendeu um medo: que uma rápida depreciação ao estilo de 2015 possa espoletar uma saída de fluxos de capital e outro tumulto nos mercados globais”, explicou Richard Turnill, global chief investment strategist da Blackrock. Sublinhou, no entanto, que “hoje, a China tem controlos de capital mais rígidos e melhor coordenação entre decisores políticos”.
Qual é a expetativa para o futuro?
A dinâmica política, regulatória e de crescimento na China é hoje diferente do que era em 2015. As autoridades têm uma abordagem mais coordenada em termos de política orçamental, monetária e cambial. Em simultâneo, a economia chinesa está mais robusta, em linha com a tendência global.
O global chief investment strategist da Blackrock refere que Pequim tem ferramentas políticas à disposição para sustentar a economia, com potencial para mais flexibilização monetária e gastos orçamentais no segundo semestre. “Acreditamos que isso deve dar ao governo a confiança para permitir que o yuan deslize gradualmente para baixo”, acrescentou Turnill sobre o futuro da moeda.
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