O primeiro-ministro “está a ser vítima das perceções” no caso que o liga à empresa familiar e não está a conseguir lidar com essa situação. A reflexão foi deixada por Miguel Poiares Maduro, antigo ministro do PSD, no programa “O Outro Lado”, emitido esta segunda-feira na RTP3.
“Ironicamente, o primeiro-ministro está a ser vítima das perceções que ele disse ser tão importantes em políticas. Ele não soube lidar com essas perceções e como são importantes numa matéria como esta”, realçou o também mandatário da campanha presidencial de Luís Marques Mendes.
Para Miguel Poiares Maduro, “isto não se trata de uma avaliação de culpabilidade das pessoas, é uma questão de confiança que os cidadãos têm de ter no exercício de funções públicas”.
“O erro de Montenegro foi não perceber essa avaliação e não ter dito depois que percebeu a perceção desse risco e que iria acabar com esse fator de risco”, concluiu o antigo ministro social-democrata.
O primeiro-ministro anunciou esta segunda-feira que vai pedir à Entidade para a Transparência que audite a conformidade das suas declarações e respetiva evolução, assegurando ter cumprido todas as obrigações declarativas.
Num comunicado do gabinete de Luís Montenegro, refere-se que “nos últimos dias sucedem-se notícias sobre alegadas condutas atribuídas ao primeiro-ministro no âmbito profissional e patrimonial, muitas das quais assentes em pressupostos falsos, incorreções, imprecisões e ou interpretações jurídicas altamente discutíveis”.
“O primeiro-ministro reafirma ter cumprido todas as suas obrigações declarativas e ser detentor de um património totalmente compatível e suportado pelos rendimentos do trabalho da família”, lê-se no texto.
No entanto, “e para que não subsistam dúvidas, o primeiro-ministro vai dirigir um requerimento à Entidade para a Transparência para que se possa auditar a conformidade das declarações e respetiva evolução”.
“Quanto às denúncias anónimas apresentadas junto da Ordem dos Advogados e da Procuradoria-Geral da República, desconhecendo-se o seu conteúdo, considera-se ainda assim que podem ser uma oportunidade para afastar dúvidas de legalidade suscitadas na esfera pública, pelo que se aguardará a tramitação e conclusão das respetivas averiguações”, lê-se ainda no comunicado.
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