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Covid-19: Vacina chinesa demonstrou ser segura em testes no Brasil

A Coronavac, vacina contra o novo coronavírus do laboratório chinês Sinovac, na terceira fase de desenvolvimento, demonstrou ser segura em testes realizados no Brasil, anunciou hoje o governador do estado brasileiro de São Paulo, João Doria.
Lusa
19 Outubro 2020, 19h27

“Os primeiros resultados dos estudos clínicos realizados no Brasil comprovam que, entre todas as vacinas testadas no país, a Coronavac é a mais segura, a que apresenta os melhores e mais promissores índices no Brasil. É, de facto, a vacina mais avançada neste momento”, declarou Doria, numa conferência de imprensa, na sede do governo regional de São Paulo.

O imunizante foi aplicado em nove mil voluntários, com idades entre 18 e 59 anos, segundo dados divulgados pela equipa do governdor, que mostram que apenas pouco mais de um terço (35%) dos testados reportaram reações adversas leves após a aplicação, como dor no local da aplicação ou dor de cabeça.

Não houve qualquer registo de efeito colateral grave durante a testagem.

Os testes da Coronavac, que será produzida no Brasil se a sua eficácia ficar comprovada, foram iniciados em julho, através de uma parceria entre a Sinovac e o Instituto Butantan, que é ligado ao governo regional de São Paulo.

Segundo dados apresentados por Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan, as reações mais comuns entre os participantes brasileiros do estudo após a primeira dose da Coronavac foram dor no local da aplicação (19%) e dor de cabeça (15%).

Na segunda dose, as reações adversas mais comuns foram dor no local da aplicação (19%), dor de cabeça (10%) e fadiga (4%). Febre baixa foi registada em apenas 0,1% dos participantes e não há nenhum relato de reação adversa grave à vacina até o momento.

“A vacina do Butantan [Coronavac] é a mais segura em termos de efeitos colaterais. É a vacina mais segura neste momento não só no Brasil, mas no mundo”, reafirmou Dimas Covas.

O especialista destacou que as outras vacinas em teste no país na fase três de desenvolvimento (uma da Universidade de Oxford e o laboratório AstraZeneca, o imunizante da Janssen-Cilang e duas vacinas da Pfizer-Wyeth), tiveram efeitos colaterais superiores aos testes da Sinovac.

O estudo da Coronavac no Brasil foi iniciado em 21 de julho e prevê a participação total de 13 mil voluntários, todos profissionais da saúde que atuam no atendimento a pacientes com covid-19.

Segundo Dimas Covas, os voluntários estão a ser acompanhados pelos 16 centros de pesquisa distribuídos por sete estados e o Distrito Federal.

A partir de outubro, a testagem do imunizante contra a covid-19 será alargada a voluntários idosos, portadores de co-morbilidades e gestantes.

Questionado sobre a inclusão da Coronavac no calendário de vacinação do Brasil, formulado pelo Ministério da Saúde, Doria afirmou que as conversações entre Instituto Butantan, o governo regional de São Paulo e o Governo central estão a acontecer “de forma muito positiva”.

“Esperamos que esta vacina seja incorporada e que possa estar disponível nos programas de imunização o mais rápido possível”, afirmou.

Doria também revelou que vai reunir-se com responsáveis do Ministério da Saúde do Brasil e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) na próxima quarta-feira, quando espera definir se haverá a inclusão da Coronavac no cronograma de vacinas do país.

O Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo, ao contabilizar o segundo número de mortos (mais de 5,2 milhões de casos e 153.905 óbitos), depois dos Estados Unidos.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 1,1 milhões de mortos e mais de 40 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.

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