A Liga Portugal, organismo que gere a principal competição de clubes de futebol a nível nacional, estima que a pandemia poderá provocar perdas de 276 milhões de euros durante o primeiro trimestre da temporada 2020/21. Segundo o relatório da Liga Portugal a que o Jornal Económico teve acesso, as perdas de 100% na bilheteira, 80% em quotas associativas e de 70% em receitas de merchandising justificam o prejuízo gerado.
Segundo o organismo, as receitas que se cifravam nos 858,3 milhões de euros, referentes à época anterior, poderão oscilar entre os 581,4 milhões de euros (caso não se mantenham as verbas dos direitos televisivos e comerciais) e os 496 milhões de euros, implicando perdas significativas entre 276 a 362 milhões de euros no sector.
O futebol português, à semelhança do que acontece por toda a Europa, apresenta um impacto negativo na atividade comercial de 15% nas receitas, a que se juntam a perda total na bilheteira, 80% em quotas associativas e 70% no merchandising. Ainda assim, as sociedades desportivas (SD) conseguiram fazer algumas compensações junto dos seus parceiros, pela perda de contrapartidas de não haver acesso ao público (bilhetes, match days, entre outros). A Liga Portugal informa que a base de comparação é com a época 2018/19, porque são número “fechados” e não são estimativas.
Pedro Proença, presidente da Liga Portugal, teme que o impacto negativo registado possa “ter muitos postos de trabalho colocados em causa”, e apela ao governo para que ajude a dar “continuidade na criação de talento, que tem sido uma das nossas bandeiras, dada a ausência de apoios ao Desporto, que tem também uma forte importância social”. Proença acrescenta que “este défice poderá comprometer a formação, que é o mesmo que dizer que o futuro do Futebol Profissional português pode estar em causa”.
Sobre o publico nos Estádios, o presidente do organismo acredita que “exemplos como os de Inglaterra, onde os adeptos estão a regressar aos poucos, podem ser seguidos em Portugal já em janeiro. Não só pela mensagem de esperança que damos, também ao país, mas aos nossos Clubes que terão, agora, um caminho a percorrer até voltarem à fidelização daqueles que são um dos suportes anímicos das equipas, e que devem continuar a respeitar a quotização e regressar ao apoio semanal nos estádios”.
A situação na componente de gastos agrava, segundo a Liga Portugal, a preocupação com a solvabilidade do sector, uma vez que os aumentos com gastos em testes à Covid-19, desinfeções das instalações, material de proteção, custos com teletrabalho, entre outros aumentou de forma acentuada os gastos globais das SD.
Verificou-se que as SD não conseguiram diminuir os gastos na proporção da diminuição de receitas. Assim, dos 778,4 milhões de euros gastos durante a temporada 2018/19, as SD apenas conseguirão ajustar, mantendo-se as atuais tendências, em 8% esses valores (ficando os gastos em 718,6 milhões de euros. Ainda assim, a Liga Portugal elogia o esforço dos clubes no que toca à manutenção de postos de trabalhos, com uma redução apenas de 10% nos custos com pessoal.
Segundo a análise de resultados operacionais, o sector poderá de forma cumulativa vir a perder entre 136,4 a 221,2 milhões de euros – valores que poderão ser dramáticos para algumas SD e poderão implicar vários anos de recuperação para o Futebol Profissional.
A tudo isto acrescenta-se a preocupação com notícias vindas a público que dão conta da pretensão da UEFA poder vir a fazer ajustamentos económicos às participações das SD nas competições internacionais, devido à própria estar a gerir as suas receitas. Nesse sentido, a Liga Portugal estima que o impacto negativo se cifre nos 31,2 milhões de euros.
O organismo que gere o futebol profissional em Portugal também teme que os detentores dos direitos televisivos possam vir a resgatar valores, por considerarem não estar a ser compensados na sua totalidade das contrapartidas, ou como consequência de uma qualquer decisão que não permita o normal desenrolar das competições. Caso isso aconteça, a Liga Portugal estima uma quebra na receita de 30% referente aos direitos televisivos de 53,6 milhões de euros).
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