Em 2017 Portugal atingiu um novo recorde no volume de investimento em imobiliário comercial (isto é, imobiliário gerador de rendimento) de 2,2 mil milhões de euros, verificando-se a estreia de diversos novos investidores e o reforço da presença de muitos outros. De acordo com a 3ª edição do “The Property Handbook – a Real Estate Investment Guide”, lançado pela consultora CBRE e a sociedade de advogados Vieira de Almeida, apesar de um aumento significativo do investimento de origem nacional em 2017, o mercado internacional tem apresentado um peso preponderante, desde a retoma económica, representando em 2017 aproximadamente 80% do capital investido.
Daí, a necessidade de um guia de investimento imobiliário em Portugal que pretende ser um manual prático com a informação essencial para apoiar investidores estrangeiros no mercado português. Segundo Francisco Horta e Costa, diretor-geral da CBRE Portugal, o mercado português é neste momento muito procurado para viver e para trabalhar, pelas razões que são conhecidas e que incluem a relação dos custos laborais com a qualidade da força de trabalho, as infraestruturas, a segurança, o clima e todo o ambiente de empreendedorismo que se respira em Portugal. “O que nos limita neste momento é a escassez de edifícios de escritórios para albergar toda a procura de empresas que querem vir para o nosso país”, admite.
Ainda existem muitas oportunidades de negócio
O diretor-geral adianta que apesar disso a matéria-prima em Portugal é ainda vasta, quer a nível da reabilitação urbana, quer para promoção imobiliária em terrenos. Assegura mesmo que “há ainda muitos terrenos nas principais cidades portuguesas, passíveis de serem desenvolvidos, que estão na posse de bancos e não só. Há também muitas oportunidades na costa portuguesa, seja no Algarve, seja na costa Alentejana”.
Tal como já referido, o sector de escritórios e o sector residencial, nomeadamente para promoção de casas fora do centro da cidade, a preços mais razoáveis e acessíveis à classe média portuguesa, são sectores atualmente com muito potencial.
Sobre os grande negócios esperados para este ano, o diretor da CBRE adianta que alguns já se concretizaram e são conhecidos como a venda do Dolce Vita Tejo, do Fórum Sintra, Fórum Montijo e do Sintra Retail Park. “É esperada a venda do centro comercial Fórum Almada, de grandes prédios de escritórios e de portfólios, mas que a maioria estas operações são confidenciais e não podemos falar sobre elas”, salienta.
Legislar os REIT’s
Sobre o que é importante ainda mudar no mercado para o tornar mais atrativo, Horta e Costa sublinha que seria muito interessante replicar a legislação de Real Estate Investment Trusts (REIT) que já existe em Espanha, que foram responsáveis pela canalização de muito capital estrageiro para o país vizinho. “Era também muito importante simplificar todo o processo do IVA à volta das operações imobiliárias. E claro que era muito importante os sucessivos governos não estarem sempre a fazer alterações às leis vigentes, nomeadamente na lei do arrendamento, que é o principal fator de desmotivação para os investidores”, adianta.
Taxas de juros vão continuar baixas
Para os próximos anos acredita que ainda se vai assistir a mais dois ou três anos de uma grande dinâmica no mercado imobiliário, “uma vez que, por mais incrível que isso possa parecer, Portugal está a viver uma nova época dos descobrimentos, mas desta vez para dentro, ou seja são os estrangeiros que descobriram Portugal e isto começou há muito pouco tempo… “.
Francisco Horta e Costa está igualmente convicto que o contexto de taxas de juros baixas vai continuar também a contribuir para este cenário, uma vez que o imobiliário apresenta uma relação de risco/rentabilidade bastante atrativa.
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