Quais são os grandes desafios que se colocam atualmente às empresas da Região de Lisboa?
Vivemos um tempo de enorme mutação na forma de fazer negócios. Com as exigências associadas à Indústria 4.0 – também denominada de quarta Revolução Industrial, que se aplica até aos setores mais tradicionais – os desafios passam pela necessidade de alterar paradigmas e procedimentos e por apostar na formação e reconversão de colaboradores. Isto a par da necessidade de acompanhar as novas obrigações ambientais ou normativas como é o caso do Novo Regulamento de Proteção de Dados, com penalizações que podem chegar a 4% do volume de faturação. Passam também por uma maior eficiência para fazer face aos standards internacionais, por maior adaptabilidade às novas realidades e por um maior volume de exportações de bens/serviços de valor acrescentado, assim como pela integração e partilha de conhecimento com as entidades que detêm competências que podem ser úteis às empresas: os centros tecnológicos, politécnicos e Universidades. Também a incorporação de novos modelos de negócio é um desafio: serviços em vez de produtos, prolongar o ciclo de vida dos produtos e economia circular.
Que setores de atividade estão a crescer e quais apresentam pior desempenho?
Os setores das tecnologias de informação, alojamento, restauração, turismo e imobiliário, mas também a agricultura, pecuária, pesca e caça são os que têm apresentado o maior crescimento, em termos de criação de novas empresas. Os do retalho e indústrias transformadoras são os setores com o maior decréscimo de desempenho.
Que peso assume a internacionalização no desenvolvimento destas empresas?
A região de Lisboa reúne o maior número de empresas, de volume de negócios, de exportações e emprego do país, concentrando cerca de 40% das empresas e 60% do volume de negócios. O peso do comércio internacional tem vindo a acentuar-se na região de Lisboa, que se apresenta como origem de um terço das exportações do país. Em termos evolutivos, as exportações apresentaram um crescimento de mais de 90% nos últimos dez anos. Cerca de 20% do negócio das empresas da região de Lisboa é para exportação. Para que Portugal tenha sucesso teremos que continuar o caminho do aumento das exportações, razão pela qual a AERLIS tem programadas 30 missões empresariais em 2018.
Que leitura faz da execução dos fundos comunitários da região de Lisboa e Vale do Tejo?
O acesso aos fundos comunitários gera crescimento nas empresas e a confiança que os empresários têm na economia é de extrema importância. Mais de metade dos incentivos aprovados referem-se aos sistemas de incentivo à inovação, e destinam-se a medidas para introduzir novos produtos ou para melhorar consideravelmente os existentes. Aqueles em copromoção implicam cooperação entre empresas, universidades e centros tecnológicos, ou seja, parcerias para o desenvolvimento e inovação, a par da integração nas empresas de tecnologias desenvolvidas nos centros de saber. No caso das PME, a maioria dos projetos aprovados destina-se à promoção das exportações ou a projetos de internacionalização. A região de Lisboa concentra cerca de 47% da despesa total em I&D do país, sendo que o setor empresarial é responsável por 50%, tanto do financiamento, como da execução. Infelizmente, e tendo em conta as médias do nível de riqueza, que não têm em atenção as assimetrias, a Região de Lisboa tem enfrentado sérias limitações no acesso a projetos financiados.
Como antevê o desenvolvimento do tecido empresarial nesta região a curto/médio prazo?
A região de Lisboa é a região mais empreendedora do país, com 37% de novas empresas criadas, e oferece um ambiente favorável ao desenvolvimento de startups. Universidades com know-how e liderança em rankings internacionais como o IST – Instituto Superior Técnico ou a UNL – Universidade Nova de Lisboa. A Área Metropolitana de Lisboa concentra um número significativo de empresas com elevado grau de tecnologia e de I&D, sendo o espaço onde estão sediadas cerca de 312 mil empresas. Lisboa tem mantido um bom nível de atração de investimento estrangeiro, sendo espaço de localização ou expansão de atividade de diversas empresas multinacionais, afirmando-se na atração de centros de serviços partilhados e com grande potencial para serviços de nearshoring. Em termos setoriais, afirmam-se as tecnologias de informação (software e internet), bem como os serviços de saúde e bem-estar. O ambiente cosmopolita e multicultural de Lisboa, a sua grande recetividade à inovação tecnológica e às tecnologias de informação e comunicação, e a sua mão de obra competitiva e altamente qualificada, são caraterísticas propícias ao desenvolvimento de uma economia criativa na cidade, contribuindo igualmente para dinamizar os setores do comércio e do turismo. Vamos ter a emergência de setores que têm em conta o posicionamento geoestratégico, como a economia do mar, a investigação aplicada e a atração de eventos e atividades náuticas. Outra das áreas que também apresenta potencial crescente é o turismo da saúde, não só pelas atuais tendências demográficas, mas pela relevância da indústria da saúde e do bem-estar em Lisboa. A AERLIS continuará a defender o desenvolvimento regional, tendo em conta o triângulo da sustentabilidade que tem como vértices o reforço da competitividade/produtividade associado ao respeito pelas questões ambientais e da responsabilidade social.
Tagus Park – Edifício Tecnologia 4.1
Avenida Professor Doutor Cavaco Silva, nº 71 a 74
2740-122 – Porto Salvo, Portugal
online@medianove.com