A candidata presidencial Ana Gomes elogiou hoje o “extraordinário trabalho” do poder local no voto antecipado e agradeceu o apoio do alegado pirata informático Rui Pinto, que já divulgou publicamente o seu boletim com o voto na diplomata.
Questionada pelos jornalistas no final de uma visita aos Bombeiros Voluntários de Odivelas sobre o voto antecipado em mobilidade, que hoje decorre em todo o país, Ana Gomes começou por elogiar os autarcas.
“Acho que é significativo que cerca de 245 mil cidadãos se tenham inscrito e destaco o extraordinário trabalho do poder local para assegurar as condições de desdobramento das mesas que facilitam que, hoje e daqui a uma semana, os cidadãos se sintam em segurança para ir votar”, disse.
No entanto, a candidata lamentou que, apesar de ter havido tempo suficiente desde o início da pandemia, não se tenha legislado sobre o voto por correspondência e eletrónico.
“Apesar de tudo, há muitos cidadãos que não vão poder exercer o seu direito de voto, a começar pela emigração, é uma vergonha”, criticou.
Questionada sobre as filas que se têm registado em alguns pontos do país, a militante do PS – partido que deu liberdade de voto – disse não saber exatamente o que se está a passar, uma vez que esteve em campanha durante toda a manhã.
“É possível que em alguns sítios a afluência de cidadãos num determinado momento explique as filas”, disse, apelando à responsabilidade para que todos mantenham o distanciamento enquanto aguardam a sua vez de votar.
Hoje, na rede social Twitter, o alegado pirata informático Rui Pinto revelou que foi um dos portugueses a votar antecipadamente e publicou o seu boletim de voto, com a cruzinha em Ana Gomes.
“Recebo com satisfação e sentido de responsabilidade as declarações de voto de todos aqueles que trabalham por um Portugal mais justo e melhor, que não continue a desperdiçar os recursos que tem, que não continue a deixar o dinheiro fugir para os ‘offshores’”, afirmou.
Para Ana Gomes, “o Rui Pinto é, sem dúvida, um desses portugueses que contribui para esse combate contra a corrupção, pela transparência”.
“Tenho muito gosto e, com sentido de responsabilidade, aceito o voto dele e de todos os portugueses que querem combater a corrupção”, reforçou.
Os portugueses começaram a votar hoje, uma semana antes das presidenciais de 24 de janeiro, no chamado voto antecipado em mobilidade para o qual se inscreveram 246.880 eleitores, um número recorde.
Lisboa é o concelho com mais inscritos, 33.364, seguido do Porto, com 13.280, e Coimbra, com 9.201, de acordo com o mapa publicado pelo Ministério da Administração Interna, em que se informa quais os locais de voto em cada um dos concelhos.
Os concelhos com menos inscritos são Porto Moniz, na Madeira, com oito inscritos, seguindo-se Nordeste, São Miguel, nos Açores, com nove, e Barrancos, distrito de Beja, com 14.
Depois da experiência de 2019, nas europeias e legislativas, o voto antecipado em mobilidade alargou-se, das capitais do distrito para as sedes dos concelhos, e o objetivo é simples: evitar grandes concentrações de pessoas devido à epidemia de covid-19 no país.
Quem estiver inscrito para o voto antecipado de hoje e não o fizer, pode fazê-lo no próximo domingo.
As eleições presidenciais, que se realizam em plena epidemia de covid-19 em Portugal, estão marcadas para 24 de janeiro e esta é a 10.ª vez que os portugueses são chamados a escolher o Presidente da República em democracia, desde 1976.
A campanha eleitoral termina em 22 de janeiro. Concorrem às eleições sete candidatos, Marisa Matias (apoiada pelo Bloco de Esquerda), Marcelo Rebelo de Sousa (PSD e CDS/PP) Tiago Mayan Gonçalves (Iniciativa Liberal), André Ventura (Chega), Vitorino Silva, mais conhecido por Tino de Rans, João Ferreira (PCP e PEV) e a militante do PS Ana Gomes (PAN e Livre).
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.009.991 mortos resultantes de mais de 93,8 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 8.709 pessoas dos 532.416 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
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