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Anacom diz que Covid-19 gerou “alterações significativas” no consumo das comunicações eletrónicas

Tráfego de comunicações eletrónicas já regista aumentos de cerca de 50% em Portugal até 24 de março. Apesar do aumento de consumo a Anacom não registou “congestionamentos relevantes” nas redes. NOS, Altice e Vodafone garantem resiliência das suas redes.
27 Março 2020, 15h08

A Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom) fez saber esta sexta-feira, 27 de março, que o tráfego de comunicações eletrónicas tem estado a aumentar, verificando-se “alterações significativas nos padrões de utilização dos serviços, devido ao período às medidas de restrição no período de Estado de Emergência. Até ao dia 24 de março, o tráfego em chamadas (rede móvel e rede fixa) cresceu, em média, 47% e o tráfego de dados (rede móvel e rede fixa) subiu 52%, face ao período anterior à pandemia, segundo os dados revelados.

Assim, as três maiores operadoras de telecomunicações – Altice, NOS e Vodafone – registaram em rede móvel um aumento de 41% no tráfego de chamadas de telemóvel. Já na rede fixa, em chamadas de voz por telefone fixo, a subida de tráfego foi de 94%. Em termos de tráfego de dados, o aumento na rede móvel foi de 24% e na rede fixa de 54%.

“Verifica-se um significativo crescimento do tráfego de voz fixa (+94%) que contrasta com a redução verificada em anos anteriores (em 2019 este tipo de tráfego diminuiu 15%). Recorde-se que o tráfego de voz fixa se encontra em queda desde o início de 2013. Por outro lado, o peso relativo da voz fixa aumenta em relação à voz móvel (que cresce menos que a voz fixa)”, indica o regulador das comunicações.

“Acentuou-se igualmente o crescimento do tráfego de banda larga fixa (53,7%), que estava em desaceleração (cresceu 29% em 2019)”, apontam os dados divulgados.

O regulador liderado por João Cadete de Matos estima que “o tráfego médio por acesso fixo continue a aumentar (era de 131 GB/mês em 2019) e se afaste ainda mais do tráfego médio por acesso móvel (4 GB/mês em 2019), visto que o tráfego de dados móvel está a crescer a taxas inferiores ao tráfego fixo”.

Resiliência das redes das operadoras
Durante esta semana já a Altice NOS e Vodafone revelaram dados sobre o tráfego nas suas redes, relativos aos dias entre 16 e 22 de março, em comparação com a semana de 9 a 15 de março. As operadoras quiseram dar provas da resiliência das suas redes face ao aumento do consumo das comunicações eletrónicas, desde que o Estado de Emergência foi decretado.

A Vodafone registou um aumento de 67% no tráfego de rede fixa (internet residencial), bem como de 8% nos dados móveis. Já o recurso a chamadas pelo telemóvel cresceu 41% e o consumo de TV não linear subiu 11%, enquanto o consumo em plataformas como a Netflix disparou 25%.

No caso da NOS, o tráfego da internet em casa disparou 70% e o consumo de dados móveis aumentou 45%. Já a utilização de chamadas por telefone fixo disparou 133%, enquanto a utilização de chamadas pelo telemóvel subiu 41%. O consumo em televisão não linear cresceu 13%.

Já a dona da Meo viu o tráfego na rede fixa crescer 35%, enquanto o tráfego móvel aumentou 10%. A utilização de voz móvel subiu 30% e em chamadas com telefones fixos disparou 80%. Os serviços over-the-top, como a Netflix, cresceram cerca de 45%, e o consumo de videoclube aumentou entre 75% a 85%.

Anacom não identifica “congestionamentos relevantes” nas redes
Devido ao disparo no consumo dos serviços das operadoras, o Governo decretou que NOS, Altice e Vodafone têm ‘luz verde’ para limitar ou bloquear serviços como Netflix, restringir funcionalidades de televisão não linear (repetições, gravações, avançar ou retroceder na programação), e limitar downloads e videojogos online, para salvaguardar a funcionalidade dos serviços considerados críticos pelo Estado e as comunicações essenciais entre os residentes do país.

Tal como o JE noticiou esta sexta-feira, na sua edição impressa, nenhuma das operadoras prevê cortar nos serviços fornecidos. Tratando-se de “medidas excecionais”, NOS e Vodafone explicaram que o decreto é para situações extremas e que, até ao momento, não foi necessário bloquear ou suprimir acessos a serviços. Já a Altice fez saber que não há indícios de que algum serviço venha a ser bloqueado ou limitado, em breve.

Hoje, em conjunto com os dados revelados sobre o tráfego das comunicações, o regulador fez saber também que “nos reportes efetuados pelos operadores não foram, até agora, referidas situações de congestionamentos relevantes, e que a Anacom não tem registo de situações com impacto significativo junto dos utilizadores”.

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