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Bastonária dos farmacêuticos pede mais 200 profissionais nos hospitais e que farmácias vacinem “em complementaridade”

Ana Paula Martins defendeu a competência do sector para administrar as vacinas contra a Covid-19, mas em complemento ao trabalho de médicos, enfermeiros e equipas clínicas, e relembrou a importância dos programas de medicamentos em proximidade.
21 Janeiro 2021, 18h47

A bastonária da Ordem dos Farmacêuticos apelou a que sejam colocados mais 200 a 250 farmacêuticos nos hospitais e que se aproveite melhor a rede de farmácias nacional, que, defende, mostrou a sua importância em contexto de confinamento aquando da primeira vaga de Covid-19. As declarações de Ana Paula Martins foram feitas na sua audição conjunta com o bastonário da Ordem dos Psicólogos na Assembleia da República.

A representante do sector farmacêutico mostrou-se preocupada com a situação que o país atravessa ao nível da gestão da pandemia, salientando a importância que as farmácias tiveram no primeiro confinamento, sobretudo através da Operação Luz Verde, que se encarregou da distribuição de medicamentos hospitalares aos doentes.

“Na Operação Luz Verde envolvemos, na altura, 35 hospitais, 2.275 farmácias e 284 municípios, sendo que os indicadores macro que temos mostram que, em média, poupamos 112km por doente de deslocações por mês, 185 milhões de euros poupados ao erário público e 94% de taxas de satisfação”, destacou, criticando a ausência de conclusões técnicas úteis pela task-force criada pelo Governo para analisar o projeto.

Em resposta a questões dos deputados, a bastonária sublinhou o papel complementar que poderia desempenhar o sector no plano de vacinação contra a Covid-19, dada a exigência da tarefa que é vacinar oito milhões de portugueses.

Ana Paula Martins afirmou não compreender a ausência dos farmacêuticos do sector hospitalar privado na primeira fase de vacinação, questionando ainda como é que existem profissionais na primeira linha no sistema público que não sabem quando receberão o fármaco.

“Diria que há aqui, de facto, não só falta de vacinas, mas também uma certa desorganização”, apontou, referindo que a Ordem não consegue explicar a alguns profissionais “pasmados” porque razão não foram vacinados, “mas outros que não estão na linha da frente ou se encontram em teletrabalho” o são.

De resto, a bastonária reiterou que as acusações de responsabilidade das farmácias pela ineficiência na campanha de vacinação contra a gripe são falsas, lembrando que se verificou “cinco vezes mais procura” do que o esperado e que o sector havia pressionado a tutela a coordenar esforços neste sentido a partir de maio, sendo que o planeamento começou a ser executado em setembro.

“O ministério da Saúde comprou mais 40% [de doses], mas não fomos nós que viemos dizer para a televisão que toda a gente se podia vacinar”, argumentou, destacando que os “dois milhões e meio de vacinas quase só chegariam para os idosos acima de 65 anos”.

“Durante um mês e mio administrámos 600 mil vacinas”, indicou, referindo-se ao processo de inoculação contra a gripe sazonal.

Ana Paula Martins lembrou igualmente que não foi ainda operacionalizado o estatuto de carreira da classe. Reconhecendo o mérito do Governo socialista que aprovou a legislação em 2017, a bastonária sublinhou que “a residência farmacêutica ainda não abriu”, nem está previsto no Orçamento do Estado (OE) para este ano que tal aconteça.

“Sem a abertura da carreira farmacêutica, não temos condições para recrutar os farmacêuticos, para os integrar e fazer a mobilização e substituição de recursos que temos de fazer”, explicou.

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