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Bloco de Esquerda anuncia que votará contra o Orçamento do Estado para 2021

Os bloquistas justificam a decisão com a falta de medidas previstas no documento para fazer frente à crise sanitária, que exigirá um SNS reforçado e dotado de meios técnicos e humanos, anunciou a líder do partido.
25 Outubro 2020, 20h56

O Bloco de Esquerda anunciou na noite de domingo que irá votar contra a proposta apresentada para o Orçamento do Estado de 2021. O anúncio foi feito em conferência de imprensa na sede do partido, em Lisboa, e prende-se sobretudo com a falta de atenção que o documento dedica ao reforço do Serviço Nacional de Saúde.

Catarina Martins, a líder do partido, justificou a “decisão unânime” do BE com a falta de resposta que o Governo propõe para os serviços de saúde nacionais. “Ou é em 2021 que salvamos o SNS, ou aceitamos que a doença o vai consumir”, afirmou a líder bloquista, que defende que a proposta “falha na questão mais importante do nosso tempo: não dá a Portugal a  garantia de que teremos os técnicos e as condições suficientes para que os hospitais nos protejam”.

Ainda assim, a coordenadora bloquista não rejeitou a revisão do sentido de voto, caso as negociações na especialidade produzam resultados favoráveis às pretensões do partido. “O Bloco de Esquerda não encerrou nenhum processo negocial, mas, naturalmente, há um momento em que a direção é chamada a fazer um ponto de situação de negociação e decidir o voto no Orçamento de Estado”, esclarece Catarina Martins, que fala numa rejeição do documento “tal como ele foi apresentado”.

Apesar de reconhecer alguns condicionamentos na elaboração do documento e evoluções nas conversações do partido com o Governo, com vista à inclusão de medidas que o BE identifica como essenciais à defesa das famílias e trabalhadores no cenário de crise que se vive, o partido lamenta as falhas que levaram à decisão. Nomeadamente, a “revisão em baixa da abrangência ou valor” de vários apoios sociais, a falta de “uma nova prestação social contra o empobrecimento” para as vítimas da crise ou “o fim das regras laborais que a troika nos impôs”.

Também a questão do Novo Banco mereceu reparos fortes de Catarina Martins, que apelidou o caso como “o escândalo financeiro do nosso tempo”. “Se formos os únicos a defender os contribuintes e depositantes contra a Lone Star, assim seja. Mas a estabilidade do sistema bancário não pode ser colocado em causa por negócios ruinosos e incursões de aventureiros financeiros”, argumenta a coordenadora do partido, que pediu “bom senso”.

A decisão do Bloco pode complicar a matemática orçamental, apesar de ser já relativamente expectável, mas o Governo continua a necessitar apenas de mais duas abstenções. Depois de, também domingo, o PAN ter anunciado que se absterá da votação, falta agora saber o sentido de voto do Partido Ecológico Os Verdes, que será conhecido esta terça-feira.

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