[weglot_switcher]

Boris Johnson rejeita bloqueio europeu e pede “cooperação internacional” no processo de vacinação

Numa tentativa de apaziguar as tensões entre Londres e Bruxelas, Johnson reafirmou que evitar bloqueios é vital para garantir que o processo de vacinação seja executado de forma a que a meta de imunizar a população não seja comprometida. “Estamos todos a enfrentar a mesma pandemia e os mesmos problemas”, frisou Boris Johnson.
22 Março 2021, 14h37

Embora a Comissão Europeia tenha ameaçado avançar com um bloqueio nas exportações de vacinas para o Reino Unido, o primeiro-ministro, Boris Johnson garante que o executivo comunitário não está interessado em lançar uma disputa pelas vacinas.

Numa tentativa de apaziguar as tensões entre Londres e Bruxelas, Johnson reafirmou que evitar bloqueios é vital para garantir que o processo de vacinação seja executado de forma a que a meta de imunizar a população não seja comprometida.

“Os parceiros europeus garantiram-me, nos últimos meses, que não querem avançar com bloqueios. Isto é muito, muito importante”, disse, esta segunda-feira, numa entrevista citada pelo “The Guardian”. “Estamos todos a enfrentar a mesma pandemia e os mesmos problemas. A campanha de vacinação é um projeto internacional e requer cooperação internacional “, acrescentou.

“Experiências anteriores sugerem que quando uma onda atinge os nossos amigos [europeus], acaba por vir dar a nossa costa, também”, disse, fazendo referência ao aumento de novos casos em alguns países que poderá indicar a chegada de uma terceira vaga da pandemia. “Temo que sintamos os efeitos disso em breve”, referiu, realçando, por isso a importância de concluir o processo de vacinação “o mais rápido possível”.

Analistas consultados pelo jornal britânico indicaram que um bloqueio nas exportações de vacinas iria comprometer a meta de imunização e atrasar esse processo por dois meses e obrigar ao governo de Boris Johnson a prolongar as medidas restritivas que ainda vigoram no região e, ao contrário do que se espera, não iria acelerar o processo de vacinação no bloco europeu. Segundo a análise, um bloqueio desta natureza iria apenas acelerar a vacinação na União Europeia “por uma semana”.

O ministro da Defesa britânico, Ben Wallace, reagiu, este domingo, à ameaça da presidente da Comissão Europeia de bloquear as exportações da vacina da AstraZeneca contra a Covid-19, dizendo que isso seria “contraprodutivo”.

“A União Europeia sabe que o resto do mundo olha para o modo como a Comissão se comporta” e, “se os contratos e os compromissos são rompidos, seria muito prejudicial para um bloco comercial que se orgulha de [respeitar] a lei”, afirmou Wallace ao canal televisivo “SkyNews”.

A concretização da ameaça de Ursula von der Leyen “comprometeria, não apenas as hipóteses de os seus cidadãos [europeus] terem um programa de vacinação apropriado, mas também a de muitos outros países do mundo, e prejudicaria a reputação da UE [União Europeia]”, defendeu Wallace.

“Tentar, de qualquer forma, dividir ou erguer muros não fará nada que não prejudicar os cidadãos da UE e do Reino Unido”, disse, ainda, desta vez em entrevista à BBC.

A possibilidade de bloqueiar as exportações das vacinas contra a Covid-19 para o Reino Unido vai ser debatida entre os 27 Estados-Membros esta quinta-feira numa altura em que a França, Itália e a Alemanha já começam a registar os primeiros sinais de uma terceira vaga.

O comissário europeu de Serviços Financeiros, afirmou este domingo que os “cidadãos europeus estão a ficar zangados porque o processo de vacinação não está a decorrer com a mesma velocidade como foi prometido”.

Até este domingo, entre os 27 Estados-membros, já foram administradas 10,4 vacinas por cada 100 pessoas, enquanto que no Reino Unido, o valor sobe para 42,7 por cada 100 pessoas.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.