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Bosch Portugal coloca investimento em recursos humanos como factor-chave para “colmatar necessidades” da indústria

António Pereira entende que Portugal é auto-suficiente em qualidade, mas não em quantidade de profissionais especializados. Por isso, defende que poder político deve procurar investir na formação de recursos humanos, desburocratizar processos de candidaturas a programas de inovação e aproximas as principais universidades do interior de Portugal.
António Pereira, administrador da Bosch de Ovar
21 Julho 2020, 11h44

O plant manager da Bosch Security Systems Portugal, António Pereira, que também é o administrador da fábrica da Bosch de Ovar, defende que o que Portugal deve fazer para garantir que empresas multinacionais apostem no país é investir na formação e valorização de recursos humanos, focando as áreas tecnológicas, especificamente em inteligência artificial e machine learning, para onde 60% do investimento mundial é canalizado.

“Temos de criar valor nas nossas pessoas, nossos alunos, nas nossas universidades. Em fatores-chave de sucesso, como é a inteligência artificial, através de machine learning. Não é por acaso que cerca de 60% do investimento mundial vai para estas áreas do conhecimento. Depois vem a visão artificial. Temos de criar valor através dos nossos recursos humanos, para que as multinacionais percebam que Portugal é uma área onde podem crescer nestas duas áreas”, explicou António Pereira, durante a Web Talk “Indústria”, organizada pelo Jornal Económico em parceira com a Huawei, no âmbito do ciclo ‘A Step Into de Future’, no mês de julho.

Mas para o engenheiro e gestor da Bosch de Ovar “é necessário aumentar a disponibilidade de recursos humanos”, primeiro. Porque, ainda, há um problema por resolver. António Pereira aponta que o facto de a disciplina de matemática, “que elimina 50% dos alunos de poderem ir para áreas tecnológicas”, é “um problema que está por resolver” pelo poder político, “de forma a que se consiga dar resposta às necessidades, quer do mercado interno, quer das próprias multinacionais”.

Quer isto dizer que há falta de recursos humanos especializados no mercado? “35% das vagas ficam em aberto ao fim de dois meses de as empresas as abrirem”, ilustrou o gestor.

António Pereira entende que o país é suficiente em qualidade, mas não em quantidade. “Isto é, crescemos mas não somos ainda suficientes em quantidade para colmatar as necessidades do mercado”, disse.

Mas o problema do investimento em recursos humanos não é uma variável isolada na equação. “Há depois uma necessidade de desburocratizar e agilizar a nível de estratégias”, frisou o plant manager da Bosch Security Systems Portugal, alertando que os processos de candidaturas para programas especializados de inovação tecnológica, em Portugal, são “pesados e morosos”. O que pode ser uma desvantagem de Portugal para as empresas multinacionais como a Bosch, que assentam parte dos seus projetos de inovação em parcerias com as universidades.

Acresce também a concentração das principais universidades “nos grandes centros urbanos”, quando a indústria portuguesa “está espalhada em todo o país”. “E aí há dificuldade das multinacionais e das empresas portuguesas em captar e reter talentos para zonas que não sejam pólos urbanos – isso é algo que também deve ser analisado”, concluiu António Pereira.

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