A única ação do primeiro dia oficial de campanha presidencial do líder do Chega, um comício em Serpa, ficou marcada por insultos ao candidato e protestos veementes por parte de populares, a maioria de etnia cigana.
O deputado único do recém-formado partido da extrema-direita parlamentar tem visado esta comunidade étnica várias vezes, chegando mesmo a sugerir um confinamento específico destes cidadãos portugueses durante a pandemia de covid-19.
À porta do cineteatro de Serpa, cerca de 50 pessoas empunharam cartazes, gritaram palavras de ordem e recorreram a buzinas para expressar o seu desacordo com as ideias defendidas por Ventura.
“Alentejo, terra da Liberdade”, “Não queremos RSI (Rendimento Social de Inserção), mas trabalho”, “Facho!” ou “Zeca, obrigaram-me a vir para a rua” foram algumas das inscrições nas tarjas e cartazes improvisados.
A guardar a distância de segurança, antes da chegada do dirigente nacional-populista, estão cerca de dezena e meia de agentes da Guarda Nacional Republicana.
Segundo a mandatária regional da candidatura de Ventura, houve ameaças através de redes sociais na véspera, além de a autarquia, dirigida pela CDU (PCP e “Os Verdes”), ter autorizado a pequena manifestação, que contava com uma aparelhagem sonora a transmitir canções de intervenção.
“Ele é muito racista e anda fazendo racismo contra os ciganos. Os ciganos não gostam disso. Os meus pais não o suportam, falam muito mal dele, é um Hitler!”, disse à agência Lusa o pequeno Nicodemos, 12 anos, ladeado pelo irmão Netaniel, de 11, ambos do outro lado da rua, em frente ao cineteatro.
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