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“Cooperação com o Estado é determinante nos riscos catastróficos ou sistémicos”, defendem seguradoras

A cobertura de riscos catastróficos ou sistémicos com custos acessíveis pelos cidadãos passa pela cooperação da indústria seguradora com o Estado, afirma o presidente da APS, José Galamba de Oliveira.
27 Novembro 2021, 15h30

Quais as grandes tendências dos seguros para 2022?
Para o setor segurador, existe a expectativa de que 2022 seja o ano de regresso a alguma normalidade na atividade económica e na vida das pessoas, após quase dois anos de impacto da crise pandémica. Na área Vida, com o previsível início da comercialização do novo produto europeu de poupança para a reforma (PEPP), existe até a expectativa de que a recuperação iniciada em 2021 nos seguros financeiros, possa não só ser mantida, mas reforçada em especial se houver abertura por parte das autoridades em propiciar um regime fiscal para este produto que está vocacionado para a poupança de longo prazo, para a reforma. Já no Ramo Não Vida, Automóvel, Acidentes de Trabalho, Saúde e Riscos Múltiplos, acreditamos que poderemos voltar a ambicionar ritmos de crescimento alinhados com os ritmos pré-pandemia. Mas, com o crescimento da atividade económica assistir-se-á, também, a um aumento da sinistralidade, sendo expectável ainda um aumento dos custos dos sinistros em linha com os indicadores que se vão conhecendo.

Em que seguros faz sentido uma PPP com o Estado?
Todos aqueles riscos de natureza mais catastrófica ou sistémica, são áreas aonde a cooperação entre o setor segurador e ressegurador e o Estado é um fator determinante para o desenvolvimento de soluções de cobertura desses riscos a custos acessíveis aos cidadãos. A título de exemplo, existem já, em muitas partes do mundo, parcerias de sucesso comprovado, para dar respostas a riscos catastróficos como riscos sísmicos, erupções vulcânicas, incêndios, inundações, etc.
A outra área onde as parcerias, ou pelo menos uma maior articulação, fazem sentido é na resposta a necessidades sociais. Já temos uma parceria de muitos anos nos acidentes de trabalho – sendo uma eventualidade da segurança social, é gerida pelo setor privado de seguros. E podíamos ter esse mesmo tipo de articulação na área das pensões complementares de reforma ou até na área da saúde.

Que modificações trouxe a pandemia à indústria dos seguros?
A indústria seguradora acelerou a implementação dos seus planos de transformação digital e está hoje mais preparada para, de uma forma mais ágil, dar resposta às novas necessidades dos seus clientes. A pandemia trouxe novas realidades no dia a dia das empresas e das famílias e como consequência novas necessidades e novos comportamentos – refiro-me por exemplo ao trabalho híbrido, às novas formas de mobilidade, à utilização massiva das novas tecnologias, etc. Mas o setor tem ajustado a sua oferta e os seus processos a estas novas necessidades e novos comportamentos.

As alterações climáticas e a questão da baixa natalidade poderão levar ao desaparecimento de coberturas no futuro?
As alterações climáticas e o envelhecimento da nossa população são dois grandes desafios estruturais também presentes na nossa sociedade e que podem, por isso, impactar o futuro da indústria. Mas o setor tem mantido uma postura proactiva junto das várias instituições na procura de soluções que mitigam os impactos destes desafios. Na temática das alterações climáticas, por exemplo, o setor tem tido um importante envolvimento junto das várias iniciativas globais (Cimeiras do Clima, Compromisso para o Investimento Sustentável, etc.) e está por isso comprometido com o sucesso na consecução dos objetivos que vão sendo definidos, e assim poder continuar a contribuir para a redução do gap de proteção dos riscos catastróficos. Já no que se refere ao envelhecimento populacional, o setor tem tido um papel preponderante na oferta de soluções alinhadas com necessidades na poupança e saúde e bem-estar, necessidades centrais numa pirâmide demográfica adversa.

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