A pandemia de Covid-19 está a ser um verdadeiro calvário político para o executivo britânico liderado por Boris Johnson: como se não bastasse ter acusado positivo num teste, o primeiro-ministro foi alvo de enormes críticas por ter atrasado o país na resposta ao surto vírico e é agora acusado de desleixo por apenas cerca de dois mil técnicos de saúde, entre médicos e enfermeiros, terem feiro o teste de despistagem.
As crítica surgem de todo o lado e a imprensa não tem poupado Johnson. Ma esmagadora maioria dos jornais de hoje, o primeiro-ministro é apontado como um dos culpados pelo rápido desenvolvimento da pandemia, que está a demonstrar evoluir de forma muito mais rápida que o que o executivo tinha previsto. Até o Daily Telegralh, onde Johnson passou parte da sua vida jornalística – foi a partir das suas páginas que difundiu factos comprovadamente falsos que ajudaram à vitória do Brexit – não o poupou.
O governo – onde há mais infetados – está a começar a não funcionar. As acusações são disparadas de todos os lados, dizem várias fontes citadas anonimamente por vários jornais, com vários responsáveis a tentarem descartar quaisquer culpas pelo atraso no combate à pandemia.
Pior ainda, todos querem desligar-se de qualquer responsabilidade pelo eventual aconselhamento para que Johnson dissesse numa primeira instância que via com bons olhos a infeção social como forma de ganhar imunidade. A teoria viria a revelar-se desastrosa e só depois de Johnson ter recebido uma carta (aberta) assinada por quase 300 cientistas é que decidiu optar por outra via.
Mark Sedwill, secretário do gabinete, é um dos apontados como responsáveis pelo fraco nível de resposta à pandemia. Uma fonte de Downing Street disse que há uma “raiva crescente” contra Mark Sedwill, que tem demonstrado não estar à altura dos acontecimentos. Downing Street, obviamente desmente.
O segundo alvo das críticas – mesmo de vários conservadores – é o conselheiro Dominic Cummings, que também testou positivo, considerado desde sempre um ‘tipo’ pouco afável. Segundo algumas fontes, Cummings estaria por trás da extravagante tese da infeção coletiva.
Johnson tentou melhorar a sua frente de comunicação durante a crise trazendo para seu lado Isaac Levido, um estratega político australiano que já este em Inglaterra no ano passado como consultor da campanha eleitoral conservadora, e Gabriel Milland, um aliado próximo de Cummings, que trabalha para a consultora First First. Mas, para já, os efeitos não se fazem notar.
Em causa está, como é evidente, a possibilidade de as ‘culpas’ pela pandemia acabarem por cair sobre os ombros de Boris Johnson, o que colocará em causa, ninguém duvida, a sua carreira política. Para já, as coisas dificilmente podiam estar a correr-se pior.
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