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Covid-19: Diretores escolares sugerem férias da Páscoa antecipadas para “evitar que a infecção se propague”

Esta medida já foi sugerida ao ministro da Educação para evitar que a infecção “não propague como cogumelos” nas escolas pela Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE), porém a Associação de Diretores de Escolas contraria a sugestão argumentando que a antecipação das férias só vai adiar o problema.
10 Março 2020, 11h31

Face ao número crescente de escolas atualmente em quarentena, a Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE) propôs ao Ministério da Educação que as férias da Páscoa sejam antecipadas 15 dias, estando agendadas inicialmente para 28 de março. Caso se concretize esta proposta, as escolas encerrariam já na próxima sexta-feira, dia 13 de março.

Segundo a noticia avançada, esta terça-feira, pelo jornal “Público”, Manuel Pereira, presidente da ANDE defende que esta medida poderá “evitar que a infecção se propague nas escolas como cogumelos, que provavelmente é o que acontecerá caso permaneçam abertas”.

O dirigente que tem estado em contacto com muitos outros directores de todo o país, frisa ainda que a antecipação das férias da Páscoa permitira tratar “todas as escolas em pé de igualdade” em vez de se estar a fechar uma ou outra, como tem acontecido até agora.

Já a Associação de Diretores de Escolas contraria a medida sugerida, avançado à “Rádio Renascença” que a antecipação só vai adiar o problema. “Se calhar, se optarmos por isso, estaremos a adiar um problema, porque daqui por 15 dias seguramente – e infelizmente também – o problema vai persistir”, afirma Filinto Lima nesta terça-feira. O dirigente relembra ainda que para além da ‘luz verde’ do Ministério da Educação, a medida vai precisar da aprovação do Ministério da Saúde.

A vantagem de antecipar as férias da Páscoa seria, no entender do presidente da Associação de Diretores de Escolas, ter um terceiro período maior.

“As aulas que poderão ser perdidas no âmbito da quarentena, poderão ser lecionadas quando o ano letivo terminar. Essa poderá ser uma solução, sobretudo para os anos e disciplinas que têm exame – falo o 9.º ano, do 11.º e do 12.º ano”, aponta nas declarações à Renascença.

Educação em Portugal a meio gás

Em pouco mais de 24 horas, dezenas de instituições de ensino de Norte a Sul do país anunciaram medidas mais apertadas para tentar conter um surto ainda mais abrangente do novo coronavírus. Estas medidas de contenção passam, na sua maioria, pela suspensão indeterminada de aulas e pelo encerramento ou condicionamento do acesso a edifícios escolares.

A medida afeta principalmente os conselhos de Felgueiras e Lousada, no distrito do Porto, dado que a Direcção-Geral da Saúde (DGS) anunciou que todas as escolas dos dois concelhos portugueses mais afectados pela Covid-19 seriam encerradas.

Ainda na cidade invicta, a Escola Superior de Tecnologia e Gestão do Politécnico fechou por tempo indeterminado “todas as instalações onde decorrem aulas”, incluindo Amarante e Penafiel, no distrito do Porto, além de Felgueiras e Lousada.

Já o Conselho Nacional de Escolas Médicas decidiu fechar as portas de todas as faculdades de medicina do país. Esta decisão deverá afetar mais de 12 mil estudantes.

No distrito de Vila Real, a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, decidiu suspender eventos e actividades desportivas da responsabilidade da academia, bem como as deslocações em serviço para países afectados pelo surto de Covid-19.

Ligeiramente abaixo, na Universidade do Minho, cerca de 90 estudantes estão em quarentena profiláctica voluntária nas residências da academia em Braga, por terem estado em contacto com um aluno infectado com o novo coronavírus. Também no distrito de Braga, o Instituto de Estudos Superiores de Fafe fechou ontem as instalações e suspendeu actividades presenciais pelo menos por duas semanas, por razões preventivas, numa medida que abrange 900 alunos.

Já a Universidade de Coimbra anunciou que vai suspender todas as aulas.

Em Lisboa, a Universidade Nova anunciou medidas mais apertadas para conter um possível surto, entre estas suspender reuniões científicas públicas com mais de 50 pessoas e com participantes provenientes do estrangeiro, adiar eventos públicos não científicos no perímetro da universidade e ainda reduzir a frequência de pessoas em cantinas e residências “ao mínimo possível”.

Na Amadora, duas escolas estarão fechadas até 20 de Março. A decisão foi tomada depois de terem sido identificados dois novos casos de infecção: um na Escola Secundária da Amadora (ESA) e outro na Escola Básica 2,3 Roque Gameiro.

Também a Universidade dos Açores (com pólos em São Miguel, Terceira e Faial) decidiu adiar por “tempo indeterminado ou cancelar” os “congressos, workshops, seminários ou outros eventos públicos científicos ou culturais” em espaços da instituição. A academia proibiu a entrada nas residências universitárias a qualquer pessoa que se desloque para o arquipélago proveniente de outros países e regiões sem que tenha cumprido um período de quarentena.

Esta manhã, o Instituto Superior Técnico anunciou que iria adotar medidas de conteção semelhantes. Numa mensagem divulgada na página na Internet, refere-se que “todos os eventos com mais de 50 participantes a realizar em qualquer dos três ‘campi’ [Lisboa, Taguspark e Tecnológico Nuclear] se encontram provisoriamente suspensos.

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