Liang Wannian, principal perito chinês da missão da Organização Mundial da Saúde (OMS) para estudar as origens do SARS-CoV-2, excluiu esta sexta-feira a possibilidade de uma fuga laboratorial ter originado a pandemia, contrariando o diretor-geral da organização, Tedros Ghebreyesus.
Poucos dias depois de a OMS ter dito que o relatório da missão enviada à China em janeiro para estudar as origens da pandemia será publicado “muito provavelmente” na próxima semana, Liang Wannian deu uma entrevista ao jornal oficial chinês Global Times para desviar o foco da tese da origem laboratorial.
“A equipa de especialistas concordou por unanimidade que é extremamente improvável que o vírus tenha sido libertado do laboratório, portanto, as missões futuras de rastreamento da origem do vírus não estarão focadas nesta área, a menos que haja novas provas”, disse Liang, ex-membro da direção da Comissão Nacional de Saúde chinesa.
Liang recusou que o atraso na entrega do relatório se deva a divisões entre os peritos, que afirmaram em janeiro que a hipótese de origem laboratorial mais improvável do que outras como a da transmissão do vírus de animal para humanos.
Peter Ben Embarek, líder da missão internacional, disse recentemente à revista Science que a missão não tinha meios para uma auditoria laboratorial completa para avaliar a hipótese de fuga de laboratório, enquanto Tedros Ghebreyesus disse no mês passado que todas as hipóteses ainda estavam em aberto na investigação.
A hipótese de o vírus ter escapado do Instituto de Virologia de Wuhan foi publicamente levantada pela administração dos Estados Unidos, no final do mandato de Donald Trump.
Resultado de meses de negociações com as autoridades chinesas, a missão internacional apresentou pareceres iniciais que foram saudados na China, mas criticados em muitos outros países pelas limitações a que foi sujeita no terreno.
Na entrevista ao jornal oficial chinês, Liang recusou haver “conflitos” entre os membros da equipa na elaboração do relatório, apenas “discussões normais sobre assuntos científicos”, defendendo que os peritos tiveram acesso a toda a informação que quiseram, mas que, por limitações legais, não puderam levar os dados para fora do país.
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