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Covid-19: Presidente do BCE espera recessão profunda na Zona Euro

Christine Lagarde disse esperar uma recessão considerável na Zona Euro devido ao impacto económico da pandemia de Covid-19. A crise pode ser longa e difícil de utrapassar.
19 Março 2020, 21h53

Num artigo de opinião publicado em vários jornais, Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu, escreveu que com uma grande parte da atividade económica parada, o que qualificou como um “choque económico extremo”, o resultado será a economia da zona euro “contrair-se consideravelmente”.

Neste contexto, a presidente do BCE afirmou que é preciso uma “resposta ambiciosa, coordenada e urgente”, e que a instituição que lidera irá fazer “tudo o que for necessário no âmbito do mandato para ajudar a área do euro a atravessar esta crise”, uma vez que o “BCE está ao serviço dos cidadãos europeus”.

Uma frase que recorda a dita pelo ex-presidente do BCE Mário Draghi no pico da crise da dívida soberana em 2012, que contribuiu para resolver a crise e preservar o euro. Lagarde destacou a necessidade de políticas públicas, referindo que, não podendo evitar a crise gerada, “podem, contudo, assegurar que o abrandamento não seja mais prolongado e profundo do que o necessário”, apoiando empresas e postos de trabalho.

“As políticas de saúde e orçamentais devem constituir o cerne desta resposta”, assinalou. Ao mesmo tempo, referiu, a política monetária terá de “desempenhar um papel vital”, ao dar liquidez ao setor financeiro para que este dê condições de financiamento favoráveis para todos os setores da economia (Estado, empresas e famílias).

Na quarta-feira à noite, o Banco Central Europeu (BCE) aprovou um programa de compra de ativos no valor de 750 mil milhões de euros, numa tentativa de retomar os fluxos financeiros e conter o choque económico na zona euro da doença Covid-19, com muitas empresas a serem forçadas a suspender as suas atividades e mesmo ameaçadas de falência e trabalhadores com empregos em risco.

Esta injeção de liquidez (que representa 7,3% do produto interno bruto da zona euro) soma-se aos 120 mil milhões de euros em compra de ativos aprovados a semana passada, que não foram considerados suficientemente ambiciosos.

Lagarde justificou o Programa de Compra de Ativos por Pandemia com a deterioração das condições da economia e, logo, restritividade das condições de financiamento, desenvolvimentos que considerou que “comprometem a transmissão regular da política monetária em todas as jurisdições da área do euro e colocam em risco a estabilidade de preços”.

As compras de ativos serão feitas de forma flexível, com alterações na distribuição dos fluxos de compras ao longo do tempo, por classes de ativos e entre jurisdições. O programa durará, pelo menos, até final do ano.

O BCE decidiu ainda alargar a lista dos ativos de garantia elegíveis com que os bancos obtêm financiamento no banco central.

Lagarde realçou igualmente as medidas tomadas a semana passada pelo BCE de operações de refinanciamento a uma taxa de -0,75%, abaixo da taxa de juro dos depósitos, o que diz permitir “disponibilizar liquidez num montante que ascende a três biliões de euros”.

Ao mesmo tempo, as autoridades de supervisão bancária já facilitaram as regras de capital bancário, novamente para melhorar a concessão de empréstimos pelos bancos.

Apesar das medidas já tomadas, Lagarde afirmou que o BCE continua preparado para aumentar a dimensão dos programas de compras de ativos e tomar todas as opções e medidas “para apoiar a economia no contexto deste choque”.

 

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