Num artigo de opinião publicado em vários jornais, Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu, escreveu que com uma grande parte da atividade económica parada, o que qualificou como um “choque económico extremo”, o resultado será a economia da zona euro “contrair-se consideravelmente”.
Neste contexto, a presidente do BCE afirmou que é preciso uma “resposta ambiciosa, coordenada e urgente”, e que a instituição que lidera irá fazer “tudo o que for necessário no âmbito do mandato para ajudar a área do euro a atravessar esta crise”, uma vez que o “BCE está ao serviço dos cidadãos europeus”.
Uma frase que recorda a dita pelo ex-presidente do BCE Mário Draghi no pico da crise da dívida soberana em 2012, que contribuiu para resolver a crise e preservar o euro. Lagarde destacou a necessidade de políticas públicas, referindo que, não podendo evitar a crise gerada, “podem, contudo, assegurar que o abrandamento não seja mais prolongado e profundo do que o necessário”, apoiando empresas e postos de trabalho.
“As políticas de saúde e orçamentais devem constituir o cerne desta resposta”, assinalou. Ao mesmo tempo, referiu, a política monetária terá de “desempenhar um papel vital”, ao dar liquidez ao setor financeiro para que este dê condições de financiamento favoráveis para todos os setores da economia (Estado, empresas e famílias).
Na quarta-feira à noite, o Banco Central Europeu (BCE) aprovou um programa de compra de ativos no valor de 750 mil milhões de euros, numa tentativa de retomar os fluxos financeiros e conter o choque económico na zona euro da doença Covid-19, com muitas empresas a serem forçadas a suspender as suas atividades e mesmo ameaçadas de falência e trabalhadores com empregos em risco.
Esta injeção de liquidez (que representa 7,3% do produto interno bruto da zona euro) soma-se aos 120 mil milhões de euros em compra de ativos aprovados a semana passada, que não foram considerados suficientemente ambiciosos.
Lagarde justificou o Programa de Compra de Ativos por Pandemia com a deterioração das condições da economia e, logo, restritividade das condições de financiamento, desenvolvimentos que considerou que “comprometem a transmissão regular da política monetária em todas as jurisdições da área do euro e colocam em risco a estabilidade de preços”.
As compras de ativos serão feitas de forma flexível, com alterações na distribuição dos fluxos de compras ao longo do tempo, por classes de ativos e entre jurisdições. O programa durará, pelo menos, até final do ano.
O BCE decidiu ainda alargar a lista dos ativos de garantia elegíveis com que os bancos obtêm financiamento no banco central.
Lagarde realçou igualmente as medidas tomadas a semana passada pelo BCE de operações de refinanciamento a uma taxa de -0,75%, abaixo da taxa de juro dos depósitos, o que diz permitir “disponibilizar liquidez num montante que ascende a três biliões de euros”.
Ao mesmo tempo, as autoridades de supervisão bancária já facilitaram as regras de capital bancário, novamente para melhorar a concessão de empréstimos pelos bancos.
Apesar das medidas já tomadas, Lagarde afirmou que o BCE continua preparado para aumentar a dimensão dos programas de compras de ativos e tomar todas as opções e medidas “para apoiar a economia no contexto deste choque”.
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