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Críticas à ANTRAM e ao Governo. Como foi o plenário do Sindicato Independente dos Motoristas

O Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIMM) reuniu-se este sábado de manhã, no Estádio Municipal de Leiria, para discutir a greve anunciada para segunda-feira, dia 12. Saiba o que ficou decidido e o que os motoristas esperam da parte da associação patronal Antram.
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    Miguel A. Lopes/Lusa
10 Agosto 2019, 16h42

O Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIMM) aprovou este sábado em plenário a manutenção da greve anunciada para segunda-feira, dia 12. Na reunião em que estiveram presentes mais de meia centena de motoristas, ficou decidido como vão ser feitos os piquetes durante a greve e multiplicaram-se as críticas ao Governo.

“A greve começa às zero horas de segunda-feira e ainda falta algum tempo. Ainda há margem para a evitarem, se assim desejarem”, afirmou o porta-voz do SIMM, Anacleto Rodrigues, à saída do plenário. O porta-voz do sindicato disse que a desconvocação da greve está nas mãos da Associação Nacional de Transportes Públicos e Rodoviários de Mercadores (ANTRAM).

Para isso, a ANTRAM deve cumprir com o prometido em maio e avançar com uma proposta de progressão salarial que garanta “a um profissional altamente qualificado, um salário digno”.

Anacleto Rodrigues disse que, até ao momento, “não chegou ao conhecimento [do sindicato] qualquer abertura por parte da ANTRAM”. “As pessoas têm os nossos contactos, sabem da nossa abertura para resolver o problema. O que está em causa é tão-só uma relação laboral mais justa”, sublinhou.

Os associados do SIMM garantem que vão sair à rua “de forma cordial” para “dar uma lição de civismo e mudar um bocadinho a imagem que há do motorista”. Ao mesmo tempo, o sindicatos compromete-se a garantir os serviços mínimos, tal como pedido pelo Governo.

“Os sindicatos estão a trabalhar no sentido de assegurar os serviços mínimos. Os motoristas são pessoas responsáveis. Não vai haver oposição aos serviços mínimos, estamos conhecedores da lei e não se pode fazer cortes de estradas em Portugal”, garantiu Anacleto Rodrigues, alertando contudo para a possibilidade de existirem “infiltrados nos piquetes de greve”, a fim de tentarem “desestabilizar e passar uma imagem errada do que são os motoristas”.

Tendo em conta essa situação, os coordenadores dos piquetes têm a instrução de “sempre que detetarem elementos estranhos, que os abordem e, se não forem motoristas, têm imediatamente de entrar em contacto com as forças dos elementos de segurança”.

 

Governo e ANTRAM tentam “silenciar” sindicatos

Anacleto Rodrigues afirmou que foi com “revolta” que os motoristas de matérias-primas receberam a notícia de que o Governo tinha decretado serviços mínimos e declarado estado de emergência energética.

“Já adivinhávamos que os serviços mínimos decretados fossem generosos, mas não pensávamos que fossem tanto. Neste momento, aquilo que era uma indignação da parte destes trabalhadores, que tiveram praticamente 20 anos a perder poder de compra sem uma atualização salarial, deu lugar à revolta”, afirmou o porta-voz do SIMM.

Os motoristas “sentem que há uma série de poderes que se aliam e conjugam na tentativa de os silenciar, retirar voz e não deixar que venha para a praça os seus direitos e reivindicações”.

Durante o plenário do SIMM foi ainda criticada a possibilidade de haver militares a conduzir veículos pesados, para suprir necessidades durante o período de greve. “Não se compreende, e desde já fica o Governo responsabilizado por qualquer acidente que possa vir a decorrer num veículo conduzido por um desses condutores”, indicou o porta-voz, notando que para conduzir matérias perigosas em cisterna é preciso “uma formação superior a cem horas”.

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