Depois do Reino Unido anunciar que está a estudar a possibilidade de misturar doses de diferentes vacinas da AstraZeneca e Pfizer/BioNtech, chega a vez da Rússia e da China avaliarem a mesma possibilidade com a Sputnik V e o fármaco desenvolvido pela farmacêutica chinesa CanSino Biologics.
Numa notícia avançada pela “Bloomberg”, esta sexta-feira, o Fundo de Investimento direto da Rússia, parceiro no programa de vacinação da Sputnik V, fechou um acordo preliminar com a produtora de vacinas sediada em Tianjin, e a Petrovax Pharm para iniciar os ensaios clínicos na Rússia. Esta não é a primeira vez que estas duas instituições colaboram. Em dezembro, a CanSino Biologics e a Petrovax Pharm colaboraram nos ensaios clínicos das vacinas contra a Covid-19. A informação, embora não seja oficial, foi confirmada por quatro pessoas próximas do processo, garante a agência.
A quatro fontes informam que o anúncio poderá tornar-se público em breve, uma vez que a o governo russo e chinês estão a preparar um plano de ação no qual a segunda toma da vacina Sputnik V seria substituída pela vacina da CanSino. O objetivo, tal como está a ser estudado no Reino Unido, é perceber a flexibilidade da imunização entre vacinas de diferentes farmacêuticas. Segundo os cientistas consultados pela “BBC”, estes afirmam que a mistura entre vacinas pode significar uma melhor proteção para os vacinados. Ainda assim, não existem registos que comprovem as afirmações destes cientistas, uma vez que os ensaios clínicos ainda não foi iniciado.
A estratégia poderá prevenir contra a escassez de vacinas, uma vez que cada vez mais as farmacêuticas se deparam com um volume elevado de encomendas e problemas na produção e distribuição das vacinas. A vacina russa, que tem uma eficácia de 91,6%, já foi aprovada em 16 países mas ainda só foram produzidas cerca de 10 milhões de doses. Para a União Europeia, foram prometidas 100 milhões de doses, o suficiente para imunizar 50 milhões de pessoas. No entanto, esta oferta teria que estar sujeita à aprovação desta vacina pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA).
Esta colaboração poderá ser também uma solução para os países em desenvolvimento, nomeadamente do continente africano, que, até hoje, ainda não receberam doses das vacinas já aprovadas, distribuídas e administradas nos Estados Unidos, Europa e Reino Unido embora tenham já assinado acordos para o efeito. De acordo com a Plataforma de Aquisição de Equipamento Médico para África (AMSP, sigla em inglês), foi assinado um acordo provisório com três farmacêuticas — a AstraZeneca, Johnson&Johnson e Pfizer/BioNTech — para fornecer 270 milhões de doses de vacinas por África.
Além dos ensaios clínicos entre a AstraZeneca e a Pfizer, e Sputnik e a vacina da CanSino, a “Bloomberg” refere que a Russia está também a preparar ensaios clínicos para misturar a toma das duas vacinas entre a Sputnik V e a AstraZeneca nos Emirados Unidos e o Azerbaijão, na próxima semana.
O Centro Nacional de Epidemiologia e Microbiologia Gamaleya em Moscovo, responsável pelo desenvolvimento do fármaco, já tinha anunciado que está disponível para colaborar com outras farmacêuticas que queiram estudar esta possibilidade.
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