O atual ciclo económico e o crescimento exponencial do e-commerce, num cenário de revolução digital em curso, marcam atualmente o desenvolvimento do setor de transportes e logística em Portugal. Ultrapassados os anos de crise, o tecido empresarial português, concentrado nas exportações e nos seus processos de internacionalização, colocam este setor no meio da sua atividade e consubstanciam um período de clara recuperação.
Os principais players do setor são unânimes na identificação dos principais desafios que se colocam e que de alguma forma vão continuar a marcar a agenda nos próximos anos.
Parte das pressões a que o setor tem de responder são oriundas de Bruxelas, com a Comissão Europeia a “apertar o cerco” quanto às práticas ambientalmente sustentáveis, por exemplo, as viaturas a serem menos poluentes, mas também via aplicação de taxas ao gasóleo ou de entrada nos grandes centros urbanos.
Em matéria de preços, Alberto Silveira, membro do Conselho de Administração do Grupo Garland, aponta a relevância que, a breve praz, a obrigatoriedade de períodos de descanso dos motoristas e a aplicabilidade de determinados horários de trabalho no estrangeiro assumirão enquanto fatores que encarecerão os preços dos transportes. Considerando que Portugal será “um dos países mais afetado pela distância que nos separa das geografias com maior número de consumidores”, acrescendo, em sua opinião, o facto de “o nosso tecido empresarial reagir muito lentamente aos aumentos dos custos, além de que, por norma, procura não os transferir para os seus próprios clientes”, alerta que o grande desafio será “gerir estas situações sem perder margem de comercialização, já de si cada vez mais esmagada face à enorme competitividade de um mercado global como é o nosso”.
Quanto às questões da inovação tecnológica reforça que representam custos avultados, “investimento que as grandes empresas já realizaram, mas que têm um enorme peso para as pequenas empresas que, sem ele, correm o risco de desaparecer”.
Por entre esta corrente da digitalização, o e-commerce, forte na forma como se está a enraizar entre os hábitos de consumo, sobretudo entre os nativos digitais, assume-se como o grande desafio a que importa responder.
Neste contexto, para João Palma, diretor de Marketing e Vendas da DHL Parcel Portugal, atualmente, uma das provas de fogo que o setor enfrenta é, sem dúvida, a resposta aos picos de procura que acontecem na Black Friday e no Natal. Defendendo que existem diversas soluções e alternativas para ultrapassar essa dificuldade, João Palma defende que, se por um lado, e cada vez mais, os clientes têm de optar por um operador à escala mundial que assegure os investimentos constantes na sua rede (que tenha a estrutura necessária para responder aos picos), por outro, tem de existir uma estrutura a montante para a rotação dos envios na origem, bem como estrutura a jusante com alternativas e com pontos de entrega em todos os países e locais de destino. As soluções terão ainda de passar por planear previamente as suas ações de marketing digital, colocando as campanhas a tempo (cada vez mais cedo) no mercado; por gerir as expectativas dos tempos de entrega com os compradores online; e definir diversos patamares de quantidade diária, para que o operador possa ajustar-se ao máximo atempadamente a esses picos. “Produzir e entregar sete dias por semana, entregar diretamente em ‘service points’, promover o uso dos sistema de informação e interação automáticos com o destinatário final fazem parte do leque de soluções a equacionar para estes períodos”, salienta.
Assim, num futuro a curto/médio prazo, o setor terá como principais oportunidades as operações que se prendem com o crescimento do mercado B2C (Business to Commerce, sigla que define a transação comercial entre empresa e o consumidor final através de uma plataforma de e-commerce).
Cada vez mais, defende João Palma, as empresas, seja qual for a dimensão ou posição na cadeia de valor, estão a criar e a desenvolver o canal de vendas online. “O mercado online é por natureza global e infinito. Quer na vertente doméstica, com crescimentos de 12% que vão chegar facilmente a 20%, ou de grande proximidade geográfica, como Espanha (já com aumentos acima dos 20%) onde o potencial é enorme pela, ainda grande, margem de evolução dos compradores online”, afirma o responsável, realçando ainda que na vertente internacional, mesmo nos mercados maduros ou emergentes, “a evolução vai ser enorme”, certo de que para as empresas portuguesas, na maior parte das vezes, é o canal mais direto e de fácil chegada aos mercados alvo. Assim sendo, sublinha, “fazer chegar os produtos de uma forma fiável, através do mesmo operador, desde a recolha até à entrega final com serviço e processos iguais em todos os países de destino, é uma alavanca decisiva nas vendas online.
Sendo o transportador a única cara visível neste processo, é necessário oferecer um serviço de entregas dinâmico e flexível que se molda ao cliente final, proporcionando-lhe um leque de escolha das melhores opções e alternativas de entrega, tornando a receção das suas compras online cada vez mais simples e eficaz”.
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