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Desejos para um Novo Ano

É pela causa humana, pelos exemplos da história, que é tempo da humanidade fazer valer os seus ideais e as suas lutas pela dignidade humana, vetando diretrizes que ameaçam os povos e que levam, até às ultimas consequências, as orientações de tantos déspotas espalhados pelo mundo.
29 Dezembro 2017, 07h10

Há muito e muitos anos atrás havia um povo que aceitava sempre as escolhas de um auto-intitulado rei de um império. O rei sempre fora poderoso, era o dono da razão, o único que nos conflitos entre povos e continentes, mesmo se apropriando do trabalho dos outros, era considerado o maior dos maiores, vencendo qualquer batalha.

Por detrás dessa força, as fragilidades e as fracas qualidades humanas eram demasiado evidentes, conseguindo-as disfarçar pela amabilidade que demonstrava às cortes, que o idolatravam e acreditavam no seu bom senso, até porque era um homem dado e “altruísta” que tudo fazia para oferecer manjares a esses “nobres”.

Do seu império ninguém mais haveria de ser conhecido, nem galardoado, nem reconhecido. Por seu lado, também não aceitava que qualquer dos seus homens fosse recrutado por outro império, mesmo que para serviçal. Se assim o acontecesse, a prioridade absoluta seria o de derrubar esse  império e esse soldado.

Era um rei convicto de si, e mesmo nas batalhas de campo, de quem era o único responsável pelas estratégias, as vitórias eram sempre dele e as derrotas sempre culpa dos seus soldados. Assim foi até ao fim do seu tempo e do seu império. Foi até não restar nada, soluçando e resistindo, sobrevivendo e evidenciando, até não puder mais, o pior de si.

Esta história não é mais do que atual e vem à tona, em particular quando se fazem os votos de um ano novo, de tantos que são os desejos de uma renovada esperança para a humanidade. São tantos os povos e as nações que ainda hoje vivem condicionados. São tantos e tantos Homens que fazem apelos à paz, ao respeito entre os povos, acreditando que ainda vão a tempo de salvar o seus “impérios” e as suas gentes.

Falamos, por exemplo, da Venezuela, onde estão radicados tantos e tantos portugueses, que vêm todos os dias o trabalho de uma vida e a força de um país morrer. Falamos também de tantos outros povos que vivem sequestrados por ditaduras e regimes que promovem a desigualdade, a perseguição, a ameaça e que sequestram a liberdade de expressão.

É pela causa humana, pelos exemplos da história, que é tempo da humanidade fazer valer os seus ideais e as suas lutas pela dignidade humana, vetando diretrizes que ameaçam os povos e que levam, até às ultimas consequências, as orientações de tantos déspotas espalhados pelo mundo. Eles não reconhecem limites, porque não os têm, nem são capazes de os colocar.

Que no novo ano 2018 sejam geradas as sementes de mudança necessárias no mundo e tão urgentes em zonas específicas do globo, antes que seja tarde, e a exemplo da história do império referenciado acima, antes que se derrote o rei e que seja o fim do “império”.

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