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Desespero europeu por vacinas contra Covid-19

A “Reuters” aponta que inicialmente a UE não acompanhou as doses que saíam do bloco europeu, sendo que só quando percebeu o atraso das suas vacinas quando não conseguia encontrar milhões de doses que já tinham sido exportadas.
Reuters
5 Fevereiro 2021, 12h11

A entrega de vacinas contra a Covid-19 tem estado atrasada, com as farmacêuticas sem mãos a medir devido aos pedidos, e a União Europeia está à beira do desespero devido à falta de vacinas para imunizar a população, revela a “Reuters”. Desde o fim do ano passado que a Comissão Europeia anunciou a compra de vários milhões de vacinas, cujo preço superou facilmente os mil milhões de euros.

O embaixador francês para a União Europeia, Philippe Léglise-Costa disse que o atraso das vacinas “é uma catástrofe”, de acordo com uma nota revelada pela “Reuters”. As últimas duas semanas têm sido marcadas por discussões e conversas com as farmacêuticas, nomeadamente com a AstraZeneca que decidiu priorizar a entrega das vacinas para o Reino Unido.

O objetivo da União Europeia, que deverá ser revisto, era vacinar 70% dos adultos europeus até ao fim do verão, o que permitiria aos países da UE abandonar os confinamentos que têm marcado os últimos meses. Com este objetivo a falhar e a falta de vacinas a ser cada vez mais notória, a Comissão Europeia pediu aos farmacêuticos para acelerar a produção das mesmas e, quando esta tática não resultou, começou a divulgar alguns detalhes dos contratos assinados.

De acordo com a publicação, que teve acesso a notas internas da Comissão Europeia e falou com quatro pessoas dentro das negociações, a entidade já sabia dos atrasos na produção de vacinas em dezembro de 2020, quando decidiu anunciar as metas ambiciosas. A “Reuters” aponta que inicialmente a UE não acompanhou as doses que saíam do bloco europeu, sendo que só quando percebeu o atraso das suas vacinas quando não conseguia encontrar milhões de doses que já tinham sido exportadas.

Devido à falta de vacinas, os centros de vacinação em Madrid e Paris foram obrigados a encerrar portas. Atualmente, a pandemia já matou mais de 726 mil pessoas na Europa, com o Reino Unido a apresentar o maior número de mortes no bloco com mais de 110 mil vítimas mortais.

À “Reuters”, a AstraZeneca admitiu estar focada no aumento do fornecimento para o bloco europeu após problemas no fabrico, tendo reforçado a produção em algumas fábricas. Também a Pfizer/BioNTech admitiu que a produção já regressou a níveis normais na Europa, depois de algumas alterações na fábrica da Bélgica que permitiram aumentar a oferta para o bloco.

Com os sistemas de saúde europeus à beira do colapso, também a União Europeia tem mostrado sinais trémulos de crise política. O facto do Reino Unido, que abandonou a 1 de janeiro o mercado único, tem inoculado cidadãos a um ritmo mais rápido que os 27 países que constituem a União Europeia, estando a preocupar os deputados.

Desde o passado dia 12 de janeiro que a União Europeia conta com oito contratos com farmacêuticas para a produção e distribuição de vacinas contra a Covid-19. A Comissão comprou 400 milhões de doses à Johnson & Johnson, 300 milhões de doses à BioNTech/Pfizer, 45 milhões de doses da CureVac, 106 milhões de doses da Moderna, 300 milhões de doses da Sanofi-GSK, 100 milhões de doses da Novavax e 30 milhões de doses, e terem uma opção de 30 milhões de doses suplementares, da Valneva.

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