O diretor do Programa Nacional para a Saúde Mental da Direção-Geral da Saúde (DGS) disse esta terça-feira que o estigma sobre a saúde mental se tem vindo a dissipar, tal como aconteceu há alguns anos com a oncologia, mas este descrédito permanece não só entre os cidadãos como na classe política.
“A saúde mental tem vivido anos e anos debaixo de pedras devido ao medo do desconhecido”, afirmou o psiquiatra Miguel Xavier, na conferência “O Futuro das Neurociências”, promovida pelo Jornal Económico e a Biogen, decorre no Centro Cultural de Belém (CCB), em Lisboa, para debater os desafios e oportunidades associados à saúde do cérebro em Portugal.
Nesse contexto, o diretor do Programa Nacional para a Saúde Mental da DGS explicou que o trabalho da sua equipa tem sido de uma espécie de “diplomacia com os ministérios” para conseguir convencer os ministros e secretários de Estado a implementar medidas relacionadas com esta área.
Na sua opinião, houve essencialmente três fatores que influenciaram a mudança, para melhor, na perspetiva da sociedade – e do Estado – sobre a saúde mental: o aparecimento dos psicóticos e a proliferação de movimentos de direitos humanos nos anos 50 e a pandemia de Covid-19, entre 2020 e 2023. “Estamos numa fase hipervisibilidade mediática”, referiu, no painel “Saúde do cérebro em Portugal”.
A título de exemplo, o responsável da DGS fez referência ao orçamento de 14 mil milhões de euros para o Serviço Nacional de Saúde (SNS), onde 11% são doenças mentais. “Se tivermos um terço disso [no orçamento] é uma sorte”, sublinhou, no debate com Francisca Vargas Lopes, vice-presidente da Associação Portuguesa de Economia da Saúde (APES), que está a decorrer no CCB.
Porém, Miguel Xavier advertiu que Portugal não tem capacidade de se “aguentar” perante as projeções a 2030 ou 2050. Entre os determinantes económicos, a falta de trabalho é um fator da maior importância, alertou ainda.
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