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Dia mundial das cidades. Como é que a tecnologia pode ajudar a aumentar a sustentabilidade das cidades

Vivemos tempos ‘conturbados’, as alterações climáticas fazem-se sentir cada vez mais, a sustentabilidade é cada vez mais um fator a ter em consideração, e a tecnologia pode ajudar a preparar as cidades para um futuro diferente.
31 Outubro 2023, 19h42

Dia 31 de outubro celebra-se o dia Mundial das Cidades, e um dos grandes desafios para as cidades têm pela frente é a sustentabilidade, a preparação para as catástrofes naturais, entre outros, no entanto a solução para melhorar estes aspetos pode passar pela implementação de tecnologia nas cidades.

De acordo com um estudo da McKinsey, uma empresa de consultoria empresaria, as cidades estão na linha da frente dos crescentes riscos físicos associados às alterações climáticas. Mais de metade da população mundial vive e cidades e até 2050 prevê-se que este número aumente. Por norma as áreas urbanas estão situadas em locais de risco climático, no litoral, em planícies aluviais e ilhas. Para além da localização problemática, a maioria das infraestruturas urbanas têm os seus sistemas operacionais estreitamente ligados, o que faz com que uma falha numa parte da rede possa afetar outra parte e assim multiplicar os danos.

Em Portugal, nos últimos tempos foi possível perceber que as alterações climáticas podem causar grandes estragos, como foi aconteceu no caso das chuvas sentidas no final do ano passado que causaram grandes estragos nas cidades.

Nesta ótica o estudo da McKinsey aconselha que as cidades se foquem em ações que aproveitem os seus pontos fortes e que ofereçam um elevado retorno na redução dos riscos. No entanto, é sempre importante identificar as adaptações e o impacto que podem ter.

Para além de termos de pensar em tornar as nossas cidades mais preparadas para este tipo de eventos meteorológicos, é importante, também, adaptarmos as cidades aos novos tempos, começando por torna-las mais inclusivas.

De acordo com Alexandre Fernandes, executive director of developments da Sonae Sierra, considera que a recuperação dos centros urbanos ” tem um impacto positivo nas comunidades locais, criando valor económico, social e cultural e alimentando o sentimento de pertença e inclusão social. A revitalização das áreas urbanas frequentemente resulta em melhorias nas infraestruturas, no transporte público, nas acessibilidades, na mobilidade e nos espaços de fruição pública, promovendo a interação social e tornando a cidade mais inclusiva para todos, incluindo as muitas vezes esquecidas pessoas com mobilidade reduzida”.

Na visão de Alexandre Fernandes os projetos para a recuperação dos centros urbanos têm “o poder de criar espaços vibrantes que atraem investimentos, negócios e pessoas, estimulando a inovação, a criatividade e a mobilidade”. “Esta transformação e o respetivo investimento deve ser desenvolvido num contexto de colaboração dos sectores público, social e privado, com a participação e o envolvimento comunitário, de modo a fomentar as bases para o desenvolvimento económico, ambiental, social e cultural das cidades e das respetivas comunidades”.

Outro tópico importante para o futuro das cidades é a transformação digital, o que pode ajudar a melhorar a mobilidade dentro das cidades, “o digital não é uma apenas uma ferramenta que podemos ou não usar na mobilidade. É algo fundamental e decisivo para o futuro de todos, mais sustentável. Afinal de contas, o único elemento de carbono que não queremos eliminar das cidades somos nós próprios “, sublinha Gonçalo Caseiro, consultor e especialista em inovação e transformação digital.

A tecnologia vai permitir que sejam recolhidas informações e dados necessários para se tornar possível a otimização e a operação em diversas áreas, nomeadamente no sector dos transportes. Mas a tecnologia também pode ser utilizada para melhorar a segurança neste sector.

Muitas vezes podemos nos perguntar se tal mudança é possível, e se sim, o que é que nos ai custar. Este é um tema sensível, uma vez que é uma tecnologia que se baseia no uso de dados, o que só por si levanta já algumas questões, no entanto há quem garanta que já “existe uma preocupação crescente com a questão da inclusão, de como são usados esses dados e do compromisso com a privacidade de cada um, de como não deixar o controlo nas mãos de um algoritmo, entre outros aspetos”, refere Gonçalo Caseiro.

Vivemos num país em que as cidades têm diferentes dimensões, um número variado de população, de trânsito, de poluição e de movimento, podemos concluir que a tecnologia vai ter um benefício diferente em cada uma delas. “As soluções de mobilidade desenhadas para Lisboa não servem a Aveiro, mas os princípios de inovação aberta, de dados abertos, bem como a tecnologia usada, são pilares imutáveis”, clarifica Gonçalo Caseiro.

A tecnologia pode ser aplicada nas cidades em mais áreas do que a mobilidade, as smartcities, usam diferentes métodos para organizar e coletar dados, de forma a utiliza-los para tornar as cidades mais eficientes. Um dos requisitos para as smartcities é a integração de de infraestruturas inteligentes, “as cidades mais inteligentes utilizam infraestruturas inteligentes para melhorar uma ampla gama de necessidades humanas, incluindo mobilidade, eficiência energética, gestão de resíduos, segurança pública, saúde e educação”, sublinha Luís Neves, CEO da Global Enabling Sustainability Initiative.

Este é um processo de transformação que necessita de ter vários fatores a ‘jogarem’ com ele, nomeadamente políticas, investimento, entre outros. “As políticas têm de adaptar-se e garantir a privacidade dos dados para cidadãos e organizações, inclusão digital para todos os cidadãos, o uso ético e seguro dos dados e padrões (standards) para a integração das infraestruturas”. Já o investimento “As políticas têm de adaptar-se e garantir a privacidade dos dados para cidadãos e organizações, inclusão digital para todos os cidadãos, o uso ético e seguro dos dados e padrões (standards) para a integração das infraestruturas”.

No final estas mudanças e avanços nas cidades podem trazer inúmeras vantagens na área de sustentabilidade para as cidades inteligentes, nomeadamente “no aumento da eficiência energética e dos sistemas de mobilidade reduzem o consumo de energia e da poluição que, por sua vez, aumentam a qualidade do ar”.

“A vida diária dos cidadãos é mais conectada através de soluções digitais, simplificando aspetos como pagamentos de faturas, ligação com a comunidade, lazer e mobilidade. O uso de água e a gestão de resíduos são otimizados e as infraestruturas inteligentes criam mais resiliência no que respeita a alteração de padrões e sistemas naturais provocados pelas mudanças climáticas”, conclui Luís Neves.

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