Dois membros efetivos do Conselho Geral da Ordem dos Médicos Dentistas acumularam indevidamente funções ao assumirem cargos no Sindicato dos Médicos Dentistas do Setor Público e Social Português (SMDSP), apurou o Jornal Económico. Estefânia Paiva Martins e António Pereira da Costa entraram nos órgãos sociais do recém-criado sindicato, como presidente da assembleia geral e presidente da direção, respetivamente.
Considerando que o exercício de uma Ordem não se pode confundir com atividade sindical (porque à primeira cabe o poder regulatório e fiscalizador da profissão), o JE questionou as duas entidades sobre a acumulação conflituosa de funções.
Na resposta, a Ordem dos Dentistas adiantou que o bastonário recebeu o sindicato em questão para uma audiência, a 13 de janeiro, para a apresentação da missão e objetivos, encontro no qual Miguel Pavão “abordou a questão da incompatibilidade de funções”, tendo informado os membros dos órgãos sociais da Ordem dos Médicos Dentistas “de que não é possível acumular cargos nos dois organismos”.
Na mesma resposta, a Ordem sublinha que é “a associação pública profissional representativa dos que exercem a profissão de médico dentista” e que “não exerce qualquer tipo de função sindical”. Garante ainda que o bastonário só tomou conhecimento da participação destes elementos na constituição do sindicato quando a reunião foi pedida. Em todo o caso, esclarece também a Ordem dos Médicos Dentistas, António Pereira da Costa apresentou a renúncia ao cargo de membro do Conselho Geral da Ordem, enquanto Estefânia Paiva Martins deixou o lugar no sindicato.
Questionado pelo JE, o Sindicato dos Médicos Dentistas do Setor Público e Social Português (SMDSP) garante que mal houve “noção” relativamente à existência da incompatibilidade, Estefânia Paiva Martins “deixou de exercer qualquer cargo no SMDSP” e Pereira da Costa deixou a Ordem dos Médicos Dentistas, considerando por isso que a “situação ficou sanada”. Só que o nome deste último continua a constar no site como pertencendo aos órgãos sociais da Ordem liderada por Miguel Pavão, conforme constatou o JE ainda na última sexta-feira, 21 de março.
O JE questionou a Inspeção-Geral das Atividades em Saúde, bem como o ministério tutelado por Ana Paula Martins, sobre a acumulação de funções nesta ordem e no referido sindicato, mas não obteve resposta até ao momento.
Criado na reta final do ano passado, o Sindicato dos Médicos Dentistas do Setor Público e Social Português assume ter como missão lutar pela implementação de uma carreira especial de médico dentista no Serviço Nacional de Saúde e nas Entidades do Setor Social (matéria sobre a qual os vários partidos apresentaram projetos de lei na legislatura que agora terminou), assegurar condições de trabalho dignas para os profissionais do setor público e social e defender a expansão da saúde oral no âmbito do SNS, garantindo maior acesso aos cuidados de saúde oral a todos os cidadãos.
Ao JE, o sindicato revela ter feito um pedido de reunião com o Ministério da Saúde, encontro que não chegou a acontecer e, tendo em conta o cenário atual de crise política, “não se prevê que a mesma possa ocorrer antes da tomada de posse do futuro Governo, após as eleições e períodos legais correspondentes”.
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